domingo, 11 de abril de 2010

O SAPO E A ROTINA



O SAPO E A ROTINA

-Sapabela! Sapabela! Desceu pelo ralo. Pelo ralo, Sapabela!  Escorreu, escapou, foi-se, perdi...
- Meu amigo, está apavorado. Calma! Estou aqui. Diga o que aconteceu. O que escapou pelo ralo...
- Uma ideia brilhante, Sapabela. Dissipou-se, entrou pelo ralo e Adeus!...
- Poderia ser transformada numa poesia?
- O que tem a ver a poesia com isso?
- Rospo, se uma ideia puder ser transformada numa poesia, então é uma ideia brilhante.
- Daria para escrever um conto.
- Então é brilhante mesmo.
- Um romance, Sapabela, um romance...
- Então é um fulgor, um esplendor, uma alvorada radiante, dourada...
- Mas a perdi, escapou pelo ralo.
A culpa é da criatura, Rospo.
- Que criatura, Sapa?
- Ela, a mais terrível de todas, a Rotina.
- A rotina?
- Sim, Rospo, a rotina massacrante, que faz com que ideias brilhantes venham a escoar pelos ralos da vida, ela, que acaba com os mais profundos relacionamentos, derruba casamentos, vive a descolorir grandes amizades, fuja dela, meu amigo, fuja sempre!
- Realmente, Sapa, a minha vida nos últimos tempos é uma verdadeira rotina.
- Pois é,  para preservar as suas ideias brilhantes, precisa desprezar a rotina. Ela é sempre mais fácil. Basta por exemplo, ligar a TV...
- Sapabela, como tenho tanto que agradecer a você...
- Ora, Rospo, Sapabelas são para isso.


MARCIANO VASQUES
HISTÓRIAS DO ROSPO 2010 - 57

2 comentários:

  1. Sabes Sapabela.
    Estoy aprendiendo mucho, muchísimo de ti.
    Uf! yo tengo que inventarme cosas para que la faena de la casa no me resulte una rutina.
    Dales las gracias a tu creador, le deseo de todo corazón, que continúe su inspiración, para que viváis muchos años.

    Un abrazo, Montserrat

    ResponderExcluir
  2. Sensacional!

    Não nos deixemos seguir no caminho da rotina, caso contrário, a vida fica sem sabor.

    Sapabela é muito sábia.

    Abraços.

    ResponderExcluir

Pesquisar neste blog