quinta-feira, 30 de setembro de 2010

AS DECEPÇÕES DO ROSPO

- Vote em mim! - dizia a placa carregada pelo Rospo.
- Mas você não é candidato, Rospo!
- Por isso mesmo.
- Não entendi!
- Ora, Colibrã, melhor votar em quem não é candidato...
- Anda muito decepcionado, não é, Rospo?
- Pois é...
- O que mais o decepcionou?
- O sacrifício do intelecto em troca de cargos públicos... e a incapacidade de reação da saparia do brejo diante dos escândalos...
- Compreendo...A consciência está adormecida...
- A consciência tornou-se prática para a maioria, um pragmatismo individual. De um lado a pobreza, de outro os poderosos do sistema financeiro...A consciência atrelou-se, e assim se turvou. Bem, vou indo.

Rospo prossegue na sua calçada de aparência solitária quando avista a Sapabela.
- Gostei da brincadeira, Rospo, mas deixe pra lá essa placa, e vamos embarcar num sorvete. Tenho uma conversa nova, esperando a estreia.
- Nada como a Sapabela para me pôr nos eixos...
- Como anda a poesia, Rospo?
- Sapabela, por que você sempre aparece nas horas certas? Como consegue isso?
- Talvez eu venha flutuando no vento da poesia.

HISTÓRIAS DO ROSPO 2010 -263

Marciano Vasques

NA PLATAFORMA DA FERROVIÁRIA

Numa estação ferroviária, enquanto espera a velha amiga para um cinema, Rospo encontra um conhecido:
- Olá, espero que esteja tudo bem.
- Ando magoado. Vivo a chorar.
- Mágoa é má água; as lágrimas precisam jorrar da uma fonte cristalina, límpida.
- Ora, meu amigo, minha companheira me magoou.
- O que ela fez?
- Mentiu para mim...
- Mentira desfaz o laço do companheirismo, mas a mágoa, a má água, abre crateras nocivas no coração...
- Não consigo perdoar a mentira...
- O perdão não é banal nem vulgar, e também não pode ser desgastado com coisas pequenas...Mas percebi que você tem facilidade em não realizar as coisas...
- Mentir não comporta perdão.
- Mentir, assim como as coisas que nos machucam, tem em si o estatuto do esquecimento.
- Esquecer? E o que eu faço com a mágoa?
- Vá ao riacho do esquecimento e beba a água cristalina e retorne fortalecido...
- E se ela mentir novamente? Devo esquecer também?
- Talvez poderá descobrir que esteja afinal mentindo para si mesmo, e deverá renunciar à mágoa, e navegar no velho rio...
- Você fala coisas estranhas...
- A estranheza exige atenção...
- Devo renunciar ao relacionamento?
- Que relacionamento?
- Obrigado, Rospo, apesar de que não entendi tudo, mas o trem chegou.
- O trem sempre vem.
- Rospo!
- Sapabela! Vamos! O cinema já vai começar...
- Eu amo o cinema. Ele devolve ao meu coração as forças para enfrentar as asperezas do cotidiano. Toda a vida deveria ser cinema.
- Toda vida é literária, Sapabela. Da literatura para o cinema é um pulo...
- Literatura, cinema, ficção, mentira...é um mundo de mentira, Rospo?
- E desde quando o verdadeiro "Faz de conta" é mentira?

HISTÓRIAS DO ROSPO 2010 - 262

Marciano Vasques

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

HORÓSCOPO DA SAPABELA - 2

Hoje, uma quarta-feira, os astros alertam: Não sorria para os hipócritas, nem para os invejosos, muito menos para os falsos. Não dê o seu sorriso para quem não merece. Não sorria sem olhar a quem, pois correrá o risco de sorrir para os sapos errados. Lembre-se: o seu sorriso é um tesouro. É o único que pode ser acionado em seu rosto, em sua face, a qualquer momento, mas seu valor é muito alto, por isso não faça isso, não sorria para os sapos que não o mereçam. Não desvalorize o seu sorriso.

SAPABELA
Especialmente para o "Papiro Atômico", reproduzido sob autorização em 
CASA AZUL DA LITERATURA

CONVERSANDO SOBRE O TEMPO

Rospo e Sapabela no caldo de cana da conversa dominical quando surge a pergunta:
- Rospo, qual é a coisa mais importante do mundo?
- Aquilo que para você se tornou importante...
- Mas deve ter algo que seja importante de forma universal...
- O tempo.
- É a coisa mais importante para todos?
- É o mais precioso bem. E tem sapo que o deixa escapar feito areia entre os dedos...
-  E você, Rospo? Já perdeu muito tempo?
- Infelizmente já. Atualmente sou um ideal ambulante de vida. Vivo a correr atrás do tempo, mas ele é um generoso implacável.
- Que bonito!  Mas, pode esclarecer?
- A sua abundância é ilusória, é a rainha das ilusões. A coisa mais fácil é se tornar especialista em perda de tempo. Não há lato sensu nem mestrado que dê conta, que possa competir...
- Um especialista sem diploma?
- O diploma receberá no dia da partida...
- Sei... O "Inevitável".
- Pois é... Quando o "inevitável", que é o dia que ninguém quer, chegar...
- O que é exatamente perder tempo?
- Perder tempo é não fazer...
- Dizer que não se tem tempo é uma alta desculpa?
- O tempo requer para si grandes inventores.
- Inventores?
- Cada um pode patentear a sua invenção maior, pode até se tornar uma espécie de oficina de recuperação do tempo...
- Se ele é tão abundante, por que precisa ser inventado?
- Por ser a abundância irmã do desperdício.
- Desperdiçar é trair o tempo?
- É alimentar a ilusão.
- Conversar é perder tempo?
- Depende da conversa e da companhia...
- No nosso caso? ...
- É investimento puro.

HISTÓRIAS DO ROSPO 2010 - 261

Marciano Vasques

DIÁLOGO NO PONTO DE ÔNIBUS


Rospo encontra um conhecido no ponto de ônibus.
- Difícil administrar tantas sapas, meu amigo Rospo.
- Você tem muitas sapas?
- Lógico, Rospo, acha que sou sapo de apenas uma sapa?
- Então gosta de iludir...
- Claro, meu amigo, meu papo é imbatível...
- Sei...
- E como as sapas são fáceis de enganar, não é?
- Jura?
- Basta você falar umas frases. Se pôr "Eu te Amo", pronto. Elas caem direitinho. Sou especialista nisso. Como as sapas são tolas! Como são bobinhas...
- Elas não são tolas, são diferentes...
- Ora, Rospo, Sapo tem que conquistar muitas Sapas...
- Uma lógica traiçoeira para você mesmo, não é?
- Do que está falando?
- Tantas conquistas para nada, pois no fundo você está sozinho...Quanto mais iludir, mais dificuldades terá para arrancar a solidão que aos poucos vai corroendo a sua consciência...
- Você é moralista? É conservador? Qual é a sua?
- A minha? Bem, por enquanto somos amigos. Seu nome é Sapabela, mas um dia quem sabe...
- Rospo, já ouvi falar que você deixa qualquer um irritado, mas está exagerando... Cada um cuida da sua vida...Tchau! Que meu ônibus está chegando, e a "garota" de hoje fica brava se eu me atrasar...
- Tchau! Concordo com você, cada um cuida da sua vida, mas, como pode descuidar tanto da sua?
- O que foi?
- Estou falando da alma, da mente, do coração...
- Tchau!
À sós, Rospo reflete sobre o diálogo:
- "Como ele consegue espalhar tanta ausência de amor?"

HISTÓRIAS DO ROSPO 2010 - 260

Marciano Vasques



terça-feira, 28 de setembro de 2010

ROSPO REENCONTRA A SAPABELA

 De vento em popa, isto é, de sol em popa, lá ia o Rospo num domingo de "rede e cachimbo" em direção à praia, quando uma sapa se aproxima e passa por ele, ou seja, passava.
- Senhorita?
- Pois não?
- Sei que não é comum, mas, posso oferecer um poema a você?
- Um poema? Claro, Sapo, isso embelezará a minha tarde...
Após recitar o poema, Rospo pergunta:
- Não entenda isso como uma abordagem. É que eu precisava dividir o poema com alguém...Mas, já nos vimos antes?
- Sim, eu estava saindo da floricultura e...
- Lembro! É a flor que escapou...
- Você é realmente um sapo diferente. Tem certeza de que existe?...
- Gosto de acordeão... Tem ido ao cinema?
- Tem certeza de que não é uma abordagem?
- Qual é o seu nome?
- Sapabela, e obrigado pelo poema...
- Sapabela? Eu procurava uma amiga que tivesse esse nome...Sou meio tímido...
- Muito tímido, não é, Sapo? Qual é o seu nome?
- Rospo. E obrigado, muito obrigado.
- Bem, preciso ir...A gente se encontra por aí...
- Estou lendo um livro...
- Depois você me fala, preciso ir...
- Está bem, eu gosto de sorvete de abacaxi com hortelã...
- Rospo, preciso mesmo ir, tchau, foi bom conhecê-lo...
Depois, a Sapabela se põe a pensar: "Não é tão bonito, mas..., nossa!, como é lindo! Porém, não entendo o motivo de ele me agradecer...Bem, sei lá, ele é diferente..."
E o Rospo, também sozinho, pensativo:
- Com ela finalmente compreendi: cada sapa é única, cada um é o seu próprio tesouro...


HISTÓRIAS DO ROSPO 2010 - 259
Marciano Vasques

ROSPO E A MIRAGEM

Pensando na falta de ética que reina no brejo, Rospo, ensolarado, caminha na calçada quando avista alguém. Sabe quem?
- Uma miragem! Estou vendo uma miragem!...
- Calma, Rospo! Não se afobe! Pare de debater os braços! O seu jornal voou! Sou eu! A sapabela! Está vendo?  Sou eu! Sua melhor amiga...
- Ora, num oceano de corrupção, ingratidão, falta de ética, morais confusas, inversão de valores, enganos, traições, ver você é realmente uma miragem.
- Ora, não sou tudo isso...
- Alguém ético, virtuoso, que põe a virtude acima de tudo, só pode ser uma miragem...
- Concordo, Rospo, faço questão de viver em virtude a qualquer custo, mas, acredite, não sou uma miragem...
- E ainda fala!...
- Rospo, pare com isso...
- Sapabela, vamos tomar um sorvete? Hoje sou eu quem paga...
- Demorou esse convite! Ou pensou que "miragem" não vive as coisas boas da vida?...

HISTÓRIAS DO ROSPO 2010 - 258

Marciano Vasques

EXPOSIÇÃO DE ARTISTAS DO SUL DO BRASIL


Marília Chartune e outros artistas participam desse belo evento.



segunda-feira, 27 de setembro de 2010

SÓ PARA LEMBRAR...- 2

SÓ PARA LEMBRAR... - 1

O SAPO, A CHUVA E A POESIA

- Rospo ! Adoro chuva.
- Também eu, Sapabela. Chuva é toda poesia...
- Chuva é cinema, é pipoca, é abraço molhado, é...
- Adoro a vidraça da janela...
- Aprecio muito o arco - íris após a chuva....
- Já disse! Chuva é toda poesia.
- Também aproveito a chuva para ler poesia...
- Já experimentou escrever?
- Veja, Rospo!
- O que é, Sapabela?
- Desabrigados da chuva!
- É verdade! Vamos até eles!
- A poesia desceu a ladeira e foi levada pela enxurrada...
- Desabrigados também inspiram poesia e  até romances...Mas antes é preciso cuidar deles, fornecer abrigo, ajudá-los...Depois vem a poesia...
- Sim, mas tem que ter o coração encharcado de poesia para pôr no papel o imperceptível pelos olhares embaçados do cotidiano.

HISTÓRIAS DO ROSPO 2010 - 257

Marciano Vasques

O SAPO E O TEMPO PERDIDO

- Rospo, qual é a coisa mais fácil do mundo?
- Perder tempo. Justamente por ser fácil, a maioria faz isso...
- Perder o tempo é assim tão fácil?
- Exatamente! Só o sapinho não perde tempo. Depois, com o tempo,  aprenderá...
- Mas o sapinho só vive brincando....
- Isso mesmo ... Assim ele aproveita bem o tempo que é dele.
- Tem uma receita para não perder o tempo?
- É só não cair em tentação...
- Como assim?
- Passe direto pelo sofá, desligue a TV às vezes, converse consigo, reforce seus planos e retome o seu rumo diariamente. Dedique-se com afinco aos seus projetos,,,
- Mas, e se o sapo perdeu o tempo?
- Garanto que não há seção de achados e perdidos.

HISTÓRIAS DO ROSPO 2010 - 256
Marciano Vasques

domingo, 26 de setembro de 2010

LADY GARÇA

CASA AZUL DA LITERATURA Orgulhosamente apresenta, diretamente do BAÚ DO VELOSO,  a nova criação do artista:  
LADY GARÇA !



O DIA DO COMPOSITOR



- "Hoje é domingo pede cachimbo..."
- Conheço essa parlenda. Quando eu era uma sapinha...
- Eu sei, Sapabela. Todos os sapinhos que tiveram a oportunidade de encontrar em sua estrada do crescimento essas maravilhas que alguns adultos com feixes luminosos no coração criaram, tornaram-se Sapos melhores, e a maioria tornou-se adulta sem adulterar-se.
- As cantigas também são especiais...
- O curioso é que elas têm e tiveram autores, mas como se consagraram no coração do povo do brejo, são tidas como anônimas.
- É verdade. Deveria ter aqui no brejo uma nova data nacional. O dia dos autores desconhecidos da infância.
- Pois é...
- E tem algo que me pus a pensar...
- "E quando a sapa pensa..."
- Ocorre que gostaria de saber o que você pensa sobre os adultos que criam belezas para os adultos. Para ficarmos só na música, o que pensa sobre quem compõe um samba ou um Rock and Roll?
- Não sei se tem o Dia do compositor, como temos o Dia do Escritor, praticamente ignorado aqui no brejo, mas, se tivéssemos o Dia do Compositor, creio que a comemoração deveria ser assim...
- Como?
- Um dia inteiro de música, nas praças, nos teatros, nas ruas, para realmente homenagear o compositor, pois sei que ele só é completamente feliz quando está num mundo musical.

HISTÓRIAS DO ROSPO 2010 - 255

Marciano Vasques


EVENTO

No blog Uuai

CRUELDADE


sexta-feira, 24 de setembro de 2010

PASSEANDO NO CINEMA

SEM COMPROMISSO

AMIGOS

O DONO DO MUNDO

ELAS


HORÓSCOPO DA SAPABELA - 1

A partir de hoje, eventualmente CASA AZUL DA LITERATURA apresentará o HORÓSCOPO DA SAPABELA - O único que vale para todos os signos.
Quem acreditar nele, poderá segui-lo.

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HORÓSCOPO DA SAPABELA

"Hoje, sexta-feira, chove em alguns lugares e faz sol em outros, e o dia, seja onde for, está propício para se abrir um blog, para quem ainda não o fez e deseja fazê-lo, e também para a leitura de um livro. Pode escolher o livro e começar as primeiras páginas. Também está propício para cinema, e uma boa conversa. Se nada disso for possível, dê um sorriso para aqueles com quem convive ou encontrar no caminho. Os astros indicam que um sorriso hoje poderá  modificar vidas entristecidas"

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O Horóscopo da Sapabela é publicado originalmente no jornal PAPIRO ATÔMICO, que circula no brejo, e sob autorização, é reproduzido em CASA AZUL DA LITERATURA.

NUM CÂNTICO DE AMIZADE TEM SORVETE

- Que dia feliz, Rospo!
- É o único que temos, por isso tem que ser feliz.
- Mas poderia ser triste e com dores. Entretanto, que história é essa de ser o "único"?
- Sapabela, num vasto oceano de incertezas temos algumas poucas certezas, e uma delas é que estamos vivendo o nosso único dia de vida, ou seja, hoje. O amanhã é incerto...
- Compreendi. Então já que estamos enfeitando o nosso único dia, ele tem que ser feliz.
- E para mim a felicidade começa quando você surge na esquina.
- Nossa amizade é mesmo linda. E somos nós os jardineiros, pois diariamente a regamos.
- Por isso, amanhã, quando chegar o nosso próximo " único dia", quero encontrá-la novamente, e assim sucessivamente, a cada novo dia único.
- Já leu o jornal de hoje?
- Ainda não. Pode emprestar o seu?
- Leve-o. É todo seu. Sabe, Rospo, eu sigo um horóscopo especial, é o "Horóscopo da Sapabela" e ele diz que hoje o dia está propício para um sorvete com um amigo... e você sabe, eu sigo à risca.

HISTÓRIAS DO ROSPO 2010 - 254
Marciano Vasques

BOA POESIA PARA TODOS

- Bom dia, Sapo!
- Feliz Poesia, minha Senhora!
- O que ele disse, mãe?
- Ele é maluco, filha.
- "Pobre sapinha..." - pensa o Rospo  e segue a sua calçada, quando avista a Sapabela se aproximando. A presença da amiga o reconforta.
- Rospo! Que saudades!
- Feliz Poesia, Sapabela.!
- Mas não estou lendo nem escrevendo poesias, Rospo...
- Porém cabe a mim, seu amigo, desejar a vinda da poesia.
- Acredita que ela virá?
- Virá! Ela sempre vem, porque é atenciosa e solícita...
- Não entendo.
- A poesia não é vaidosa, mas sabe que é necessária...Por isso sempre comparece...
- Compreendi, Rospo...
- Você é ligeira.
- Sapabela, não é? E aceito as suas solicitações, e feliz Poesia para você também.

HISTÓRIAS DO ROSPO 2010 - 253

Marciano Vasques

SARAU POÉTICO


CONVERSANDO SOBRE SEMENTES E MONTANHAS

- A iniciativa remove montanhas!...
- Rospo! Acho que o ditado não é bem assim...
- É uma adaptação livre, de minha autoria.
- Mas se cair no gosto popular...
- Torna-se anônima...
- Todo anonimato tem um autor, não é?
- Sim, mas, gostou da minha adaptação livre?
- Concordo plenamente. Toda iniciativa carrega em si a fortaleza da semente.
- Fortaleza da semente?
- Gostou? Pois é, a semente se frutificará, e por isso é gloriosa...
- Mas...para germinar, precisa do acolhimento do solo.
- Sei, do adubo, das condições climáticas, dos nutrientes...
- Então, a semente não é só ela...Ela é também as suas circunstâncias...Mas, devemos sempre lançar sementes, concorda?
- Sim, e devemos sempre ter iniciativas... Sapabela, é a minha dica para remover montanhas...Montanhas de entulhos mentais, de obstáculos, de preconceitos, de temores, de dificuldades, de bloqueios, barreiras...
- Com fé?
- A fé aqui significa "acreditar que você consegue, que vai conseguir...", significa o arrebatamento das suas forças interiores...
- Mas sem iniciativas não adianta acreditar...
- A crença na vitória é irmã da iniciativa...
- Então a vitória já está dentro de cada um?
- É a tal semente. E a iniciativa seria a criação das condições para a germinação.
- Montanhas! Aqui vou eu!

HISTÓRIAS DO ROSPO 2010 - 252
Marciano Vasques

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

O SAPO ZELADOR

Rospo preenchendo uma ficha cadastral.
- Qual a sua profissão, Senhor Sapo?
- Zelador.
- Trabalhar em que prédio?
- Não trabalho em prédio...
- Trabalha em que condomínio?
- Não trabalho em condomínio...
- Trabalha em que escola?
- Não trabalho em escola.
- Mas você disse que era zelador!
- Recuso-me a ouvir piadas preconceituosas, ser um assassino do tempo matando-o em forma de desperdício. Recuso-me ao sectarismo, ao fanatismo e à idolatria. Afasto-me de amizades falsas, treino a memória decorando poemas, cultivo o sorriso com a água da simplicidade...Gosto de estar rodeado de crianças... Não milito pois não me limito....
- Sei, entendi, você é um zelador de si mesmo.

HISTÓRIAS DO ROSPO 2010 - 251
Marciano Vasques

MOÇA BEBENDO


Pintura de Marília Chartune - RS - Brasil

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

O SAPO E A PUPA

Estava o Rospo contemplando as folhagens quando a Sapabela se aproximou.
- Rospo, penso que às vezes devemos ir à pupa.
- Que história é essa, Sapabela?
- A pupa! Entendeu? A pupa! 
- E então?
- A lagarta expele de seu próprio organismo um muco e com ele forma a pupa. Então ela se recolhe e só deixará a crisálida quando se tornar uma bela borboleta.
- Entendi. Devemos nos assemelhar às borboletas... Ou seríamos mais lagartas nos abastecendo com o alimento intelectual para quando chegar o momento?
- Nesse tempo de recolhimento, passaremos pelo aprendizado do voo...
- Não tenho vocação para borboleta, mas compreendi o exemplo. Porém, como saber o momento da pupa?
- Também gosto do "Porém" do Sapo.  E vou responder:  Quando o voo se tornar uma vontade intransigente, a tal ponto que não poderá mais ser adiado.

HISTÓRIAS DO ROSPO 2010 - 250
Marciano Vasques

FAZER O BEM...

- Rospo, já ouviu dizer "Fazer o bem sem olhar a quem?"
- Já, já ouvi essa bobagem.
- Bobagem?
- Ora, Sapabela, tem que fazer o bem para os que merecem. Não podemos fazer o bem sem olhar a quem...
- Não?
- Óbvio que não! Se agirmos dessa maneira estaremos beneficiando quem não merece...Já pensou? Fazer o bem a quem engana o próximo, a quem maltrata crianças, a quem exerce a crueldade impiedosa contra os animais, aos políticos enganosos, aos corruptos, aos mentirosos, aos traiçoeiros e aos trapaceiros, aos...
- Chega! Chega!
- Fiquei empolgado.
- Pois tem razão, Ao fazer o bem devemos olhar a quem, caso contrário estaremos cometendo injustiça e contribuindo com a expansão e a permanência da maldade anfíbia, da desonestidade, da falsidade...
- Bem, querida, preciso ir...
À sós, a Sapabela pensa:


- "Esse leu Monteiro Lobato pra valer quando era um sapinho!"

HISTÓRIAS DO ROSPO 2010 - 250
Marciano Vasques



O ROSPO E A PRIMAVERA

Rospo está eufórico. Chegou a estação das flores.
- A Primavera voltou! Atenção, brejo florido! Aqui vou eu...
E continua a sua trajetória quando avista a Sapabela cultivando um jardim.
- Sapabela! Vejo que está preparando a Primavera, mas, o que é isso?
- Qual o motivo do susto, Rospo?
- Está "plantando" flores de plástico!
- Sob certos aspectos, representam melhor os dias em que estamos vivendo...
- Explique, por favor...
- Teremos eleições aqui no brejo. Preste atenção na campanha política.
- É verdade,  aqui no brejo, na política as flores são artificiais...Sei que você está "tiririca" da vida por isso, mas não deve se esquecer de que a poesia ainda não desapareceu totalmente do mundo...
- Isso é verdade...
- Então, trate de buscar umas sementes naturais.

HISTÓRIAS DO ROSPO 2010 - 249
Marciano Vasques


terça-feira, 21 de setembro de 2010

BAARÌA

PATRÃO, PRENDA SEU GADO

FADO PORTUGUÊS

OLHA

MÚSICA TEM IDADE?

- Rospo, você também gosta de música Rock in Roll...Reparei isso recentemente, quando o vi à beira do lago ouvindo uma música forte...
- A boa música Rock aprecio muito, Sapabela...
- Parece difícil de compreender um Sapo gostar de bolero e de Rock...
- Sapabela, dentro de mim habita um mundo  e nesse mundo gira um mundo no qual vive um mundo onde cabe um mundo...
- Mas você não é jovem...
- Engano seu.
- Faz tempo não me enganava...
-  Sou jovem e a música feita pelos meninos conquistou o meu coração...Quando ela é boa, não tem fronteiras...O Rock tem uma energia que renova a vida...
- Já olhou o seu registro de nascimento?
- Sei que está a me provocar, Sapabela, mas bem sabe, que "aquilo" é apenas um documento, e nele não está escrito que deverei envelhecer...
- É o ciclo biológico da vida...
- Mas a arte não combina com a biologia. A arte rejuvenesce o espírito...
- Espírito?
- A mente.
- Entendi.
- E além do mais...
- Sim?...
- A música não tem idade. Música é para todos. Acreditar que a boa música Rock é feita apenas para os "jovens de calendário", é meramente uma visão distorcida...
- Não havia pensado nisso.
- E você, Sapabela? É jovem?
- Quem conversa com Rospo não envelhece, lembra?

HISTÓRIAS DO ROSPO 2010 - 248

Marciano Vasques

A VIDA VALE A TECLA

- Rospo, a vida vale a pena?
- Sim, vale a pena. Sempre.
- De onde vem essa expressão?
- Valer a pena? Tudo que merece ser escrito vale a pena.
- Sei, a caneta é a pena.
- No passado, penas de gansos eram usadas para escrever...
- Então, aquilo que pode ser escrito vale a pena...
- Ou seja, tudo.
- Hoje o provérbio, isto é, a expressão, deveria ser atualizada...
- Atualizada?
- Sim, deveria ser assim: "A vida vale a tecla!"
- É verdade! Atualmente o mundo inteiro digita.
- Pois é, a vida vale a tecla. Sendo assim, vamos teclar cada vez mais.
- Mas não devemos esquecer da levarmos sempre uma caneta conosco...
- Por que, Rospo?
- Inspiração não marca horário.

HISTÓRIAS DO ROSPO 2010 - 247

Marciano Vasques

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

NOVA PALAVRA FIANDEIRA

No ar a nova edição de 
PALAVRA FIANDEIRA

NESTA EDIÇÃO:

Diretamente de Portugal:

RAQUEL OCHOA
Por Carmen Ezequiel

Para ler, clique AQUI

O SAPO E A FLORICULTURA

Sapabela está saindo de uma floricultura quando um sapo na calçada começa a fazer um escarcéu. Seu nome: Rospo. Ela não o conhece, mas para estupefata para observar o estranho, que faz um alarido tão enorme, que todos se aproximam. Na pequena multidão que se forma, um sapo pergunta:
- O que aconteceu, Sapo? O que houve?
- Você não está vendo? Não! Não pode ser! É uma visão! Os donos da floricultura a deixaram escapar! Ela anda! Ela se locomove! Estão vendo?
- Calma, Sapo, calma...É apenas uma...
- Quem é esse sujeito?

Sem compreender nada,  Sapabela olha curiosa e assustada para as manifestações do Sapo e ao mesmo tempo se diverte.
E no grupo que cada vez aumenta, surgem os mais variados comentários.
- É maluco!
- Deve ser a poluição...
- É bloguice aguda, já ouvi falar, pega em qualquer um...
- Venham ver!  Um Sapo viu algo que ninguém vê...
E Sapabela, tímida, com uma voz bem miúda, diz:
- Sou...Sou eu...
E Rospo continua andando para todos os lados, circulando, com os braços abertos, cada vez mais eufórico, instalando o alvoroço na rotina da cidade.
- Viram? Ela fala! Além de tudo, ainda fala! E tenho certeza que pensa, e deve ser muito inteligente. Além de ser bonita, claro...Todos concordam, não é?
- Sim!
- Sim!
- Sim!
- É bonita pra dedéu.
- Sapabela, atônita, não sabe o que faz, quer cair na gargalhada, quer desandar a rir sem parar, mas fica encabulada com tantos "Sim!"...
- Vejam, é incrível! Será que ela beija?  Jamais pensei em ver uma coisa dessas! Deixaram escapar da floricultura uma flor diferente, algo fantástico!, uma flor que anda, que fala...
Sapabela não resiste, não consegue segurar o riso. Pernas bambas diante da multidão e das estrepolias do sapo, e pensa:
- " Sinto que seremos amigos..."

HISTÓRIAS DO ROSPO 2010 - 246

Marciano Vasques

O BLOGUEIRO - 32



SONHAR NÃO CUSTA NADA?

- Rospo, tenho um sonho...
- Parabéns, Sapabela! Isso merece uma comemoração. Vamos ao sorvete?
- Comemorar um sonho?
- Claro, minha amiga. E o dia  está ensolarado, merecia mesmo surgir um motivo para comemoração...
- Para você sempre está ensolarado. Mas recusar um convite de sorvete é coisa que Sapabela jamais faria.
- E então? Fale sobre o seu sonho.
- Quero ser artista plástica, uma ilustradora de livros infantis. Sonhar não custa nada.
- Não diga isso!
- O que eu disse de errado?
- Tudo! Como pode dizer que sonhar não custa nada?
- E custa?
- Custa sim, custa o primeiro passo, a iniciativa, uma nova postura de vida, custa a organização do sonho para que ele se transforme em realidade, custa a luta, ir à luta, arregaçar as mangas, custa acreditar, com firmeza, com determinação, custa o investimento, sim, sonho que se preze merece investimento. Custa batalhar diariamente pelo sonho...Um sonho, por mais suave que seja, é feito de batalhas, mesmo que sejam batalhas interiores, sem visibilidade para os olhos alheios...
- Rospo, tem razão. Um sonho não é para ficar ao relento, abandonado num canto qualquer da mente. Tem razão mesmo! Sonhar custa muito...Eu quero o meu de morango...
- Sonho tem sabor?
- Não, estou falando do sorvete.


HISTÓRIAS DO ROSPO 2010 - 245
Marciano Vasques

domingo, 19 de setembro de 2010

A REUNIÃO URGENTE DA SAPABELA

Pelo ensolarado sábado passeavam Sapabela e seu amigo.
- Rospo, necessito falar algo.
- Demorou, Sapabela.
- É preciso vigilância diária, constante.
- Do que está falando?
- Muita disciplina...
- Seja mais clara.
- Diariamente vivo a me policiar.
- De que forma?
- Quando entardece, passo em frente ao sofá e à televisão...
- E daí?
- Não ligo a TV nem deito no sofá. E então, faço as coisas que tenho que fazer. Os meus projetos...
- Parabéns!
- E diariamente, ao final da tarde, bem  ao ocaso, realizo uma reunião importante, a mais importante do dia. Nessa não falto de jeito nenhum.
- Sempre comparece?
- Sempre! Essa reunião é para mim imperdível.
- Que reunião tão preciosa é essa, Sapabela?
- É a reunião comigo mesma. Todos os dias.
- Que interessante!...
- Isso mesmo. Diariamente, antes do anoitecer, realizo essa reunião. Então converso comigo, ponho as coisas no lugar e reorganizo a vida...
- Que reunião importante, não é?
- Rospo, falando nisso, já vou indo...
- Já?
- Sim, pois não posso chegar atrasada....É um respeito profundo que tenho com a Sapabela, meu querido...
- "É minha amiga." - pensa o Rospo enquanto observa a companheira sumir na esquina.


HISTÓRIAS DO ROSPO 2010 - 244
Marciano Vasques

OFERECIDA PARA BIA VILLELA

SONHOU

A menina adormeceu 
na calçada da vitrine da padaria 
e sonhou 
que comia um sonho.

Marciano Vasques

CONVERSANDO NO DOMINGO


- Rospo, sabe aquele pesadelo que tive ontem?
- Sim, Sapabela, o tal banquete das senhoras lá do clube do Chá.
- Pois é. Teve uma que só comia livros de ficção interplanetária.
- E qual o problema?
- Só vivia no ar.
- Outra adorava livro de poesia.
- E ela usava quais temperos?
- Meio antigo. Usava rimas, métrica e ...
- Entendi, entendi, entendi...
- Mas uma senhora disse que havia experimentado um e-book.
- E-book?
- É, um livro digital, eletrônico, virtual.
- Sei... E ela gostou?
- Disse que passou a comer só e-book. Estava de dieta.
- Como assim?
- Disse que sempre que comia um, continuava com fome. É verdade isso, Rospo? Que para matar a fome, tem que ser de papel?
- Ora, Sapabela! Não me ponha no meio de perguntas tão complexas...Além do mais, tudo não passou de um pesadelo.


- É mesmo. Olhe uma banca de jornais! Vamos dar uma espiada nas revistas?
- Revistas? Seriam aperitivos, petiscos?
- Rospo, não estou mais sonhando. Estou querendo ler mesmo.
- E eu adorei o seu sonho. Veja, Sapabela, um sebo. Vamos até lá?
- Vamos, mas sem piadas. Não quero comer nada, entendeu?


HISTÓRIAS DO ROSPO 243
Marciano Vasques

ELES ERAM TÃO AMIGOS!

CASA AZUL DA LITERATURA homenageia HANNA - BARBERA

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