domingo, 31 de outubro de 2010

A CAMPANHA ELEITORAL DO SAPO

Na transparente manhã Sapabela encontra o amigo Rospo à beira lago lendo um livro... E passa direto para não interromper a leitura.
À tarde, o encontra num banco da Praça Azul escrevendo um poema.
- Rospo, faz tempo não o vejo criando um poema...
- Pois é, Sapabela, mas agora é a hora.
À noite, vê o velho companheiro entrando no cinema. No outro dia, recebe logo ao alvorecer um telefonema:
- Sapa, vamos nos encontrar para conversar?
- Conversa dominical? Adoro, já sairei num instante. Vou apenas me trocar.
- Então esquece o "num instante".
- Engraçadinho. Espere-me na praça.
Logo mais.
- Rospo, reparei que anda retomando hábitos antigos. Anda lendo, produzindo poema, indo ao cinema, ao teatro... Ouvindo música boa, e agora conversando...
- Estou em campanha eleitoral, Sapabela.
- Como é isso, Rospo?
- Não apenas para cargo político, mas também pessoalmente, em nível pessoal, deveríamos ter campanhas eleitorais, No caso, quero me eleger, eleger a mim mesmo, como um sapo joia, um sapo que merece o meu crédito, quero continuar gostando de mim, e acreditando, pois afinal é comigo que eu seguirei. Então, durante a semana fiz tudo para me convencer de que hoje, domingo, votaria em mim como o sapo mais ético, o melhor, o mais correto em minha própria vida.
- Sabe, Rospo, quem o considera maluco mal sabe da sua coerência. Serve o meu voto também?

HISTÓRIAS DO ROSPO 2010 - 322

Marciano Vasques

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