sábado, 18 de dezembro de 2010

O SAPO, A MÚSICA E A FAMÍLIA

— Rospo, acredita mesmo que a Internet tenha promovido mudanças na família?
— Não tenho dúvidas. Ela não é a grande vilã, mas certamente criou hábitos, instaurou uma nova forma de viver...
— Criou acomodações para a nova família poder se expandir...
— Facilitou o escoamento da solidão que combina com o novo trânsito familiar...
— Melhor exemplificar...
— Antes os sapos caseiros se reuniam na sala para ouvir músicas dos Long Plays, e depois isso continuou durante um certo tempo, com o CD...
— A era do CD já passou...
— Sim, Sapabela, calma... Agora, os sapos caseiros ouvem músicas separados...
— Ouvir música é como ler um livro. A música é uma arte do indivíduo, da solidão, da solicitude...
— Você não deixa de ter razão...
— E vou mais além: nos grandes estádios, quando tem um show que reúne uma multidão, essa multidão não tem necessariamente a ver com a música, é mais o artista, tem mais a ver com a sociedade do espetáculo... Com o ídolo...
— Mas, mesmo a  música sendo uma arte de solidão, de introspecção, ela pode ser repartida, compartilhada entre alguns sapos, os sapos caseiros, por exemplo... E a internet levou isso... É cada um no seu quarto, no seu canto, ouvindo a sua música, que é a música solta, avulsa...
— Sim, a era do CD já se foi...
— Mas a família precisa reencontrar novas formas de se reunir... Novos paradigmas.  A família é como o sapo: precisa se reinventar a cada dia.


HISTÓRIAS DO ROSPO 2010 - 373
Marciano Vasques
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