sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

O LIVRO E O ÚNICO LEITOR

— À sombra de um sabugueiro, lá estava o Rospo lendo um livro, quando, flor amarela na mão e vestidinho lilás, surgiu a Sapabela.
— Rospo!
— Sapabela! Que alegria!
— Está lendo esse livro novamente?
— Não, Sapabela, engano seu...
— Sou especialista nisso.
— Nisso o quê?
— Em me enganar.
— Não me faça rir, Sapabela! Ou melhor, Faça-me rir. Afinal, é para isso que existem os amigos, para sempre retornarem devolvendo aquela velha alegria...
— Fico emocionada com as suas palavras, mas, disse que me enganei. Tenho certeza de que não, pois já o vi lendo esse livro uma vez...E foi aqui, à beira do lago sob esse frondoso sabugueiro...
— Um livro nunca encontra o mesmo leitor duas vezes, isto é, ele, cada vez que é aberto, encontra um novo leitor...
— Estou começando a entender.
— Incrível a sua ligeireza...
— O livro transforma o leitor, que depois segue pela vida transformando-se a cada novo dia, a cada nova experiência...Isso me faz lembrar Heráclito...
— Pois é, quando um leitor retorna ao livro, ele é um novo leitor, pois retorna com o olhar modificado, ampliado...
— Sim, é verdade, o livro tem esse privilégio de ser lido apenas uma vez por um determinado leitor... Que maravilha! É maravilhoso cada nova descoberta...
— Sim, Sapabela, cada nova descoberta é um brinde de felicidade pela vida, por isso as crianças se apossam de nossas almas, pois ela vivem em permanente estado de descobertas.


HISTÓRIAS DO ROSPO 2011 — 452
Marciano Vasques
Leia em CIANO

Um comentário:

  1. O Rospo sempre certo,nosso olhar já não é mais o mesmo...Decobri "Casa Azul" Brinde de a Vida!!
    Luz
    Ana Coeli

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