quinta-feira, 31 de março de 2011

PRECONCEITOS

"Bolsonaro não está preocupado com os ataques que fez aos gays, porque sabe que a sociedade é mais tolerante com esse tipo de preconceito {...} É um deboche a tentativa dele de se safar {...} Não dá para confundir mulher negra com homossexual"

Jean Wyllys
(Deputado — PSOL — RJ)

(Hoje na imprensa — ESTADÃO)

O ÚNICO ERRO

"O único erro foi torturar 
e não matar"

DEPUTADO JAIR BOLSONARO  (PP-RJ)
Sobre o regime militar, em 2008
(Hoje, na imprensa — Estadão)

COMPROMISSO COM A PALAVRA

Seguindo com o seu compromisso com a Palavra, CASA AZUL DA LITERATURA põe no ar o marcador "Falaram".
A palavra não está apenas na literatura, na poesia, mas também na vida, no cotidiano, nas coisas que se pensa e diz,  a palavra está no ar onde houver vida.
E não só artistas, mas pessoas simples, dos povoados, dos vilarejos, das cidades, e também os homens públicos: todos têm o dom da palavra, ela está no ar, sempre. Por isso, na próxima postagem, inauguração de "Falaram".
Marciano Vasques

quarta-feira, 30 de março de 2011

O GRANDE ORADOR

— Rospo!
— Sapabela! Que alegria! Ela sempre ressurge quando a vejo.
— Ela, quem? Comigo não tem "Ela"! Eu sou eu sozinha...
— Ela!, a velha alegria...
— Ainda bem...
— Falando em "flor de Outono", quais as novidades?...
— Eu nem havia falado em flor, mas, tem sim novidades, tem uma.
— Qual?
— A minha amiga e seu amor estão se desentendendo...Não conseguem mais entrar em acordo...
— O diálogo está escasso?
— Cada vez que um fala, o outro complica mais com a sua interpretação. E fica um jogo, ou melhor, uma batalha difusa de interpretações que não cedem... Nem um nem outro quer ceder um milímetro e ficam só na discussão tempestuosa, porém estéril...
— Entendo, precisam então dele...
— Dele, quem?
— Ora, minha bela amiga, diz que as palavras não bastam, estão perdendo as forças, estão desbotadas pelas discussões, estão frágeis e machucadas pela aspereza da falta da audição, estão na amargura dos dissabores e ressentimentos que corroem o amor...Então, precisam dele, do grande orador...
— Grande orador? Que diacho é isso?
— Acredite, não é um " pobre diacho"...
— Mas, o que vem a ser esse "Grande orador"? Quem é esse sujeito?
— Quando a magia das palavras enguiça, o grande orador precisa ser acionado...
— Mas, quem é ele?
— O silêncio.

HISTÓRIAS DO ROSPO 2011 — 506
Marciano Vasques
Ver CIANO

FALARAM

MUDANÇA DE NOME

A partir da próxima postagem, o marcador EXCLUSIVO mudará de nome para FALARAM.
Manterá o mesmo espírito de brincadeira séria, reproduzindo frases e expressões de personalidades públicas na imprensa, porém citando  a fonte, qual o veículo em que a declaração foi originalmente publicada.
Marciano Vasques

SANTO GRAAL

" O fim da pobreza é uma espécie 
de Santo Graal: inatingível"

Economista Marcelo Neri, sobre a erradicação da pobreza.
Para ele, o fim da pobreza é uma espécie de Santo Graal: inatingível, mas a busca por ele enobrece o espírito da sociedade.

VASELINA

"O dia em que eu me preocupar com eleitor eu viro vaselina".

Deputado Jair Bolsonaro
PP - RJ

DEPUTADO: "PROMISCUIDADE"

Deputado declara que seria promiscuidade se um filho seu se apaixonasse por uma negra.
"Não vou discutir promiscuidade com ninguém."
Deputado Bolsonaro — PP-RJ
Ao ser indagado num programa de televisão, sobre o que faria se seu filho  se apaixonasse por uma negra.

terça-feira, 29 de março de 2011

O AMOR DA SAPABELA

— Quisera ter um amor que não precisasse de fotoshop.
— Fotoshop?
— É, Rospo. O fotoshop é uma ferramenta, um programa que modifica uma foto... uma imagem... qualquer imagem...
— Eu sei. Ele serve também para maquiar...uma cena... E um rosto pode ser embelezado com o fotoshop...As manchas... As rugas...Tudo pode sumir ou ser disfarçado...Ser "trabalhado" pelo fotoshop...Uma atriz, um cantor, um político...Um ídolo...Qualquer rosto... Qualquer sapo...
— No tempo da Liz não havia isso...
—É. Não tinha. Pois é, nesse tempo tudo era diferente. Qualquer cantor para cantar tinha que ter voz...
— Até a Monalisa pode ser modificada...
— Exato! Isso altera profundamente o conceito de arte hoje. Mas fale sobre o amor...
— Isso. Quero ter um amor sem retoques, sem fotoshop... Quero que todas as imperfeições estejam visíveis, que ele seja o mais autêntico amor do mundo...
— Sem fotoshop?
— Sim. A beleza do meu amor não precisará ser retocada...

HISTÓRIAS DO ROSPO 2011 — 505
Marciano Vasques
Leia CIANO

ZANOTO: AMIGO DOS POETAS

segunda-feira, 28 de março de 2011

TELEFONE MUDO

O TELEFONE CHORA — A CANÇÃO

O TELEFONE CHORA — JUSTIFICATIVA

Claro que estamos vivendo numa época em que uma criança não pode atender e muito menos conversar com um estranho ao telefone... Mas essa canção, que mereceria um marcador intitulado "Alma Popular", fez muito sucesso na rádio... E, naturalmente, é do tempo do telefone.
Marciano Vasques

NO TEMPO DA CARTA E DO TELEFONE

NO "IMPRENSA DA ZONA LESTE"

AQUELA CONVERSA

— Rospo, você me fez refletir também sobre aquele assunto da nossa última conversa...
— Qual assunto, Sapabela?
— A traição.
— Entendo. Quem é amigo não trai, pois se existe amizade verdadeira, ela é sincera e autêntica. Não cabe traição, portanto. E o amor, ora, quem ama não trai, quer dizer, o amor não comporta traição, o amor em si é isento de traição. Quem encontra um amor na estrada da vida...
— Eu gosto.
— Gosta do quê, Sapabela?
— Nada, lembrei de uma música sertaneja...
— Está certo, mas como eu estava dizendo: quem encontra um amor, deve reparar que amor já vem com o selo: Não contém traição.
— Sei, como certos alimentos que vêm com o selo: Não contém glutén...
— Isso! Bem lembrado: alimento. Tal coisa é o amor...
— Está certo, Rospo. Amor, amizade, amigo... O coração de um amigo não é território da traição, o coração de quem ama não...
— Por isso mesmo.
— Por isso mesmo, o quê?
— Por não caber traição no amigo nem no amor, é que eu disse que só há traição no amigo e no amor. Pois quando você confia plenamente no amigo e no amante e...
— Amante?
— É, namorado, esposo... Todos que estão em condição de amar, ou seja, todos que são amantes...
— Prossiga.
— Quando você confia plenamente, cegamente, eu diria, então, quando você confia plenamente por acreditar que é um amor ou um amigo e então ocorre a traição, só assim é traição... De outra forma, não é traição, quando está diante de um inimigo...
— Quer dizer então que amigo não trai? Mas já puxaram meu tapete várias vezes lá no trabalho...
— Não estou falando de colegas, Sapabela.
— Sabe, Rospo, essa conversa ainda vai render muito...

HISTÓRIAS DO ROSPO 2011 — 504
Marciano Vasques
Leia CIANO

O TELEFONE

PELO TELEFONE

PELO TELEFONE

TELEFONE

ALÔ

L' ULTIMA TELEFONATA

O ÚLTIMO TELEFONEMA

PELO TELEFONE

Pensando na fala do ministro do TSE, de que o Twitter pode ser comparado a uma conversa telefônica, e de que os meios de comunicação hoje são as redes sociais, e não mais o telefone, a carta... Pensando nisso, inauguro aqui um novo marcador, intitulado PELO TELEFONE.
São canções que versam sobre o telefone, histórias de amor ou não, que têm como protagonista o telefone.
Marciano Vasques

SINTONIA UNIVERSAL

— Rospo, alguém é melhor por ter uma crença?
— Claro que não, Sapabela! Crença não é referência. Alguém é melhor por ser melhor. Não há interferência da crença na consideração que se pode ter por alguém... Um sapo crente não difere de outro que não o seja. Cada um acredita ou não e isso é um direito inalienável de quem quer que seja. A crença não lapida a alma nem torna alguém superior ou melhor do que o outro que não a tem. Se alguém é crente, é portador de uma questão de fórum íntimo. E aquele que não é, em nada é inferior ou merece menos consideração. A crença está aí, no ar, a disposição de quem quiser. E a possiblidade de não crer é igualmene importante para todos. Ninguem, nenhum sapo, pode desdenhar ou ficar nervoso ou magoado por ter um amigo que não partilha da mesma crença. Deve, ao contrário, tratar o amigo com o maior carinho e o maior respeito, e ofertar sempre a sua amizade, com desvelo, com atenção.
— Nossa! Que resposta longa! Parece que esse assunto o atiça...
— Realmente, fico empolgado.Vejo muitos equívocos... Outro dia um blogueiro...
— Essa "instituição"...
— Dizem que o blog é como a casa de um sapo...
— Pois bem, prossiga...
— Outro dia um sapo quis se reservar ao direito de não publicar em "sua casa"  poemas que versassem sobre a crença do autor...
— É um direito dele...
— Isso em nada é agressivo... O respeito nasce aí, no direito de preservar sempre a integridade de cada qual... Quem tem a crença deve se alimentar dela, e torcer para que ela o ajude a compreender o direito do outro de não professar a mesma crença, não é? Cada um pode sim, se quiser, falar de sua crença, mas isso quase sempre acaba resvalando numa doutrinação...É como o pensamento político&partidário, que ao se enveredar pela arte, produz poemas sectários ou panfletários...
— Olhe, Rospo! Veja que lindo!
— Que Sol radiante! Que azul imenso!... E aquelas nuvens que se dissipam, alvas como o coração limpo e sincero...
— O universo é para todos, não é?
— Claro, Sapabela...O azul que se derrama neste momento atinge todos os sapos por igual...
— Rospo, como a vida é maravilhosa!
— Sempre, Sapabela.
— O pensamento voa, o coração arde na aventura de pulsar... A vida é um esplendor nesse momento de imensidão azul...
— Veja, lá vão os sapos e as sapas, vão ao trigal, ao dourado trigal da segunda-feira...E o universo contempla a todos, lá do alto, lá de todas as direções...
— E o girassol celeste nos aquece o coração...
— E a mente se renova, Sapabela, a cada instante... É isso que nos faz melhores, essa sintonia universal...


HISTÓRIAS DO ROSPO 2011 — 503
Marciano Vasques
Leia CIANO

FALANDO SOBRE TRAIÇÃO

— Só o amigo pode nos trair.
— Do que está falando, Rospo?
— É verdade, Sapabela, só podemos ser traídos pelo amigo, ou então, pelo nosso amor...
— Não é o contrário, Rospo?
— Absolutamente não. O mesmo ocorre com a política. Só podemos ser enganados por um candidato ou um partido que se disse íntegro e ético e apostamos e acreditamos que ele faria a diferença. Só aquele que se anunciou com promessa de mudança, só esse pode nos enganar e nos trair...
— Estou começando a entender.
— Inimigos jamais decepcionam... A traição é privilégio do amigo... E de quem amamos...
— Nossa!
— Pense bem, Sapabela.
— Eu só penso bem.
— De um inimigo você não espera fidelidade, sinceridade... Você nem tem confiança nele... Portanto, só se sentirá traída de verdade quando tal coisa vier de um amigo.
— É incrível! É uma coisa tão simples e tão óbvia...
— Naturalmente que sim, mas por ser tão simples ninguém repara nem pensa sobre.
— Quer dizer então que uma traição para ser autêntica tem que vir de um amigo?
— Sempre. Traição de um inimigo, de quem já conhecemos a falsidade, não tem graça, não é  novidade. Só  o amigo, e só o nosso amor, só aqueles em quem de fato confiamos podem nos trair.
— Ou seja, o requisito para ser traído é amar... é confiar... é ter um amigo em quem depositamos a nossa confiança...
— Jamais espere traição de um inimigo, entende? Ele não pode ser traiçoeiro... Isso é só pode vir mesmo de um amigo... Jamais ouvirei alguém dizer: "Fui traído pelo meu pior inimigo!"...
— É, dá para conviver com essa ideia.


HISTÓRIAS DO ROSPO 2011 — 502
Marciano Vasques
Leia CIANO

domingo, 27 de março de 2011

O MINISTRO ESTÁ CERTO

O MINISTRO ESTÁ CERTO


O ministro José Antonio Dias Toffoli defendeu o Twitter, o blog e as redes sociais nos dias que antecedem as eleições. Disse que a justiça deverá se atualizar, se aperfeiçoar para acompanhar o tempo.

A TROVA DO DIA

Sintetizei a ternura
num quadro singelo e lindo:
A imagem cândida e pura
da minha filha dormindo!


PEDRO  DE ORNELLAS

Trova selecionada por Marciano Vasques

Hoje, CASA AZUL DA LITERATURA encerra o marcador
A TROVA DO DIA, e agradece de coração à
Maria Thereza Cavalheiro
pelo carinho e pela dedicação.

O CONSELHO DO SAPO

— Sapabela, na dúvida, ultrapasse!
— Isso é um conselho de trânsito?
— Não! Ao contrário, ele só não vale para o trânsito. Ele só vale para a vida.
— Fale mais.
— Se tiver dúvida, ultrapasse! Faça sempre isso. Quando sentir que o amor está chamando, quando ficar em dúvida se será ou não feliz, arrisque-se. A vida é exatamente isso. Um risco. Viver já é um risco. Acordar já é uma aventura. A maior de todas. Todos os dias.
— Então está me dizendo que se eu me sentir insegura e em dúvidas, deverei ultrapassar, deverei seguir adiante?
— Sim, é isso que estou dizendo.
— Bem, farei isso.
— Vamos tomar um sorvete?
— Vamos! Demorou...
— Que lindo seu vestidinho, tão colorido...
— É outono.
— Que perfume, Sapabela!
— Gosto dessa fragância...
— Que boca linda você tem!
— Sabe, Rospo, estive reparando uma coisa...
— O que, Sapabela?
— Você entende mesmo de ultrapassar.


HISTÓRIAS DO ROSPO 2011 — 501
Marciano Vasques
Leia CIANO

ÉPOCAS E LETRAS

"Era uma época e uma geração nas quais os maiores exemplos de rebeldia eram: ter um carro vermelho, ter cabelos na testa; descer a rua Augusta à 120 por hora... E até parar na contramão, por causa de uma garota, claro! Acontece que depois alguns artistas passaram a divulgar com orgulho, que usavam drogas, mas essa ainda não é a questão aqui, a questão é outra: nesse tempo as letras eram simples e azuis, eram declarações de amores em corações tristes, tímidos  e emocionados, e nesse sentido, a canção 'Eu Não Presto Mas Eu Te Amo' se contextualiza. Ocorre que nesses dias, sob os acordes do reino da guitarra, não se faziam letras que agrediam e tentavam destruir, humilhar e desvalorizar o outro, como fazem hoje com a mulher, alguns letristas de certo movimento musical, destilando e traduzindo o ódio justamente contra as que deveriam ser consideradas companheiras e namorantes."

Marciano Vasques


DOMINICAIS — 1

"O Conselho Editorial de CASA AZUL DA LITERATURA
é formado pelos corações dos moradores da própria casa"

Marciano Vasques

A TERCEIRA IMENSIDÃO

Na mansidão da imensidão do mar se dão as melhores conversas, e lá estavam os dois amigos num passeio.
— Rospo, como é bom caminhar na areia! Quer ser sócio do ócio? Pelo menos hoje?
— Sim, Sapabela, hoje é domingo de outono, e cá estamos nesse passseio. Logo mais a excursão vai embora, então vamos ao ócio, aliás, o ócio sempre foi necessário...
— Lá vai ele me jogar nos braços socráticos...
— Certa vez, um Sapo amigo, ao ver esse azul imenso, essa vida de preguiça, de mar e espumas e escunas, questionou sobre a necessidade da filosofia...
— É assim mesmo, Rospo. Diante de tanto azul, tanto mar, e tanto amar, até parece que a filosofia não é necessária... Que ela só é necessária no agreste da alma, nas agruras e na dor... No sol penado e no labor, no suor e no sofrimento... Onde tiver pedra para lapidar, ele se faz necessária, mas aqui,nesta areia morna, neste mar imenso de ciano e de águas claras de verde transparente, para quê a filosofia?
— Sapabela, veja que lindo é o mar! Nossos olhos teriam que sempre estar com o mar no pensamento...
— Olhos pensam?
— Sim, os olhos voltados para o mar, traduzem a imensidão em si mesmo.
— E quando não tiver mar nem condições concretas para nele se pensar?
— Na verdade, o pensamento não requer nem uma lasca de concretude, mas se o mar estiver difícil de chegar, é só erguer os olhos....
— Sim, compreendo. Tem o céu...
— Como vê, a imensidão não cansa de nos piscar.
— E quando alguém estiver numa circunstância na qual nem o céu pode ver?...
— Se estiver numa condição subterrãnea, apele para a terceira imensidão.
— Existe isso?
— Claro. Está dentro de você, em você. Quer imensidão maior?
— É verdade! Voa imensidão! Voa pensamento!
— Sapabela! Vamos correr na areia morna?
— Correr? Eu estou voando, Rospo!

HISTÓRIAS DO ROSPO 2011 — 500
Marciano Vasques
Leia CIANO

sábado, 26 de março de 2011

AQUI VAMOS NÓS!

— Meu coração é imenso, Sapabela...
— O coração, meu querido?
— Não sei ao certo...
— Eu sei, é a alma...
— A alma?
— Sim, a alma, o seu sentir, a sua história, a sua vida, o seu tempo...E esse universo imenso, essa imensidão...
— Eu fico um pouco assustado, Sapabela...
— Por que você está em tudo, e isso naturalmente assusta...
— E saber que um dia eu partirei...
— Mas repare nas árvores, elas se vão, e outras renascem, e tudo renasce... Essas folhas de Outono, elas estão caindo, mas outros brotos trarão em si a possibilidade de outras folhas... Até a luz que nos chega da estrela que morreu, será substituída pelos fragmentos de luzes de outras estrelas que nascerão...
— Mas eu sou diferente de tudo, das folhas que caem, das estrelas que morrem. Sei que tudo renasce, tudo liz, tudo reluz, tudo vai e se dissolve em mil quereres que se foram, mas não totalmente, pois todos os quereres se tornaram fragmentos de algo que sobrevive nas coisas que ficaram...Quando alguém tocou suavemente numa folha lisa de sol, esse toque não foi em vão. Nenhuma canção será em vão... Mas eu me assusto como o menino diante do seu primeiro relâmpago...
— Rospo, sei o que está acontecendo com você, pois sou sua amiga. E acredite, estou aqui, com você, nessa imensidão, como se estivéssemos num barco no meio de um oceano infinito...
— Sapabela, decidi me alegrar!
— Sábia decisão. Comece olhando para mim...Pois estou aqui.
— isso mesmo! E sua roupa está colorida...
— Eu prometi para o Outono...
— Sim, a nossa "Outono" chegou. Vamos então tomar um sorvete... Pois já é noite, com dupla vantagem...
— Dupla vantagem?
— É noite de Outono, e é noite de sábado...
— Viva! Imensidão! Espere por mim!
— Segure firme em minha mão. Vamos correr até cansar...
— Rospo, vamos correr só até a sorveteria...
— Atenção, Outono! Aqui vamos nós.

HISTÓRIAS DO ROSPO 2011 — 499
Marciano Vasques
Leia CIANO

NA RODA GIGANTE — 3

NA RODA GIGANTE — 2

NA RODA GIGANTE — 1

NUMA NOITE NO PARQUE DE DIVERSÃO

Já tive, juro, dezesseis anos.
E naquela noite eu estava num parque de diversão. A gangorra em forma de barco, a roda gigante, o Dangle, o inesquecível Dangle... E o alto-falante do Parque sempre a tocar aquelas canções... Simples, azuis, singelas, como era assim a alma do rapaz que despontava.
Canções que foram chamadas de bregas, que falavam de sentires, de amores, de dores, de corações estraçalhados, mas que eram as verdades de um época em que as meninas eram valorizadas, e as letras musicais não vulgarizavam as mulheres, afinal, o amor era uma coisa muito importante, mesmo que pulsasse no tórax de um jovem de parque de diversão.
Sendo assim, e considerando que as canções que giravam na roda gigante eram as mesmas do rádio, e que dezesseis anos era um mundo, CASA AZUL DA LITERATURA sempre comprometido com a roda gigante do tempo, inaugura um novo marcador, que seria intitulado DEZESSEIS, mas que mudou o título para NUMA NOITE NO PARQUE DE DIVERSÃO.

Marciano Vasques
Atenção! Este marcador terá canções simples que a juventude cantou. O espírito de uma época se conhece pelas suas canções. Mas a referência será sempre a do jovem do parque de diversão, com o coração palpitante, pois à época, naquelas noites da roda gigante, outras canções falavam de outras noites: as noites clandestinas do Brasil. Eram as chamadas "Canções de Protesto", que brotavam.

RAY CONNIFF

A TROVA DO DIA

No estranho jogo da vida,
guarda o trunfo dos teus ases:
podes perder a partida
se contas tudo que fazes!
 

MARIA THEREZA CAVALHEIRO

ALL GREEN

A CIDADE DAS CANTIGAS

A CHEGADA DO OUTONO

— Rospo, estou tão feliz! O Outono chegou!
— É a minha estação predileta...
— O brejo inteiro sabe disso, Rospo. Mas, eu também adoro o Outono...
— É a estação do renascimento. A suavidade de sua brisa... O vento do outono é incomparável... E aquele "clima" no ar... Nem quente nem frio... E as folhas caindo...
— Outono é renascimento, Rospo?
— Sim, mas, para aonde está indo, Sapa?
— Vou pintar as unhas, tingir os cabelos...
— Que cabelos, Sapabela?
—Por acaso não reparou uns fiozinhos?
— E depois?
— Depois será inverno.
— Não estou falando do Outono... Estou falando da sua vida. Do seu dia...
— Depois tenho um montão de coisas para fazer, e ainda quero, ao pôr do sol, vestir uma roupa bem colorida, para receber o Outono...
— E que tal um sorvete? E até um cinema?
— Como demorou para convidar, Rospo! Vamos sim. O sorvete abre a agenda do Outono, quer dizer, a agenda com os amigos... E o cinema? Tem algum filme em especial?
— Tem, quando estivermos no caminho, falarei... Então, até logo mais...
— Sim, Rospo, a tarde é uma criança...
— Gosta muito da tarde, não é?
— Assim como você é o poeta da manhã, eu sou a poetisa da tarde...
— Está escrevendo poemas, Sapabela?
— Não é preciso, Rospo. Estou sempre em estado de poesia, por isso sou poetisa...
— Bem, vamos preparando os nossos corações para o primeiro sorvete...
— Sabe, Rospo, meu coração está sempre aquecido... Talvez eu tenha um Verão dentro de mim, em mim.
— Sapabela, chegue mais cedo para o sorvete... Não vá chegar quase no horário do cinema. Lembre-se: a cor do esmalte não aparece no escuro...
Ah, você tem o Verão e a Primavera em si.

HISTÓRIAS DO ROSPO 2011 — 498
Marciano Vasques
Leia CIANO

PARA LIZ

TRIBUTO

LE— HEITOR


Para acompanhar as aventuras do Heitor,
clique AQUI!



sexta-feira, 25 de março de 2011

"SOMOS REAIS"

 
 
 
 
O dia do encontro: 22-05-2011
Horário : á partir das 14:30 hrs
Endereço completo. Rua do Horto 350 
.Zona Norte
Referencia: Próximo ao Horto Florestal 
Contato e confirmação de presença  pelos emails:sandrag959@gmail.com elainebb08@hotmail.com

O SAPO E O SOFÁ

— Cada objeto é uma extensão do sapo. É uma ramificação do seu Ser, é uma ferramenta, na verdade, é mesmo uma extensão do sapo... Veja que a enxada é a extensão das suas mãos, e assim também a caneta...
— Sei.
— E o livro, Sapabela, é a extensão da memória do sapo...
— Borges...
— O que disse?
— Nada, meu querido... Mas tem um objeto curioso em casa...
— Qual?
— O sofá. O que ele é? Ele é extensão de que parte do sapo?
— No passado, ele também era a extensão da memória do sapo, pois os sapos se sentavam no sofá para conversar...
— E hoje?
— Atualmente é diferente. O sapo senta no sofá para se encostar. Nem se trata mais de descansar... Tem sapo que fica horas no sofá...
— Vendo à TV, aposto.
— Sim, é aposta vencida, e sabe disso, Sapabela.
— Então o sofá hoje é extensão de que parte do sapo?
— Considerando que um sapo ficar quase o dia inteiro no sofá defronte a TV é uma anomalia...É um espectro de sapo...
— Sim?
— O sofá tornou-se uma extensão da ausência...
— Ausência?
— É. Ausência do sapo de si mesmo.

HISTÓRIAS DO ROSPO 2011 — 497
Marciano Vasques
Leia CIANO

QUANDO PANDORA SORRIU

Quando Pandora sorriu para os deuses , eles viram malícia em seu sorriso.

AS CORES DA SAPABELA

— Seu esmalte está bonito, Sapabela. Esse tom esverdeado...
— Obrigado, meu amigo...
— O da semana passada também era lindo. Um lilás suave...
— Você lembra?
— E quem consegue esquecer?
— Fico feliz que tenha notado... E como já disse, uso esmalte porque me sinto bem... Gosto de me vestir colorido para mim, mas também me alegra quando um amigo repara...
— As cores das suas roupas são sempre tão vivas!
— Sou feminina, não é?
— Mas tem sapa usando cinza, apenas...
— Sei, as policiais femininas...
— Não! Tem também algumas executivas, e...
— Eu entendo, Rospo, não precisa continuar... Mas para mim o que interessa é que as cores façam parte do meu andar...
— E que cadência, Sapabela!
— Não me deixe encabulada...
— Sapabela, quando você se veste colorida, você se veste para você, eu sei, mas está ao mesmo tempo trazendo alegria para os olhos da multidão, pois leva consigo as cores...  E a vida é melhor nas cores...
— Mas como você tem tempo para reparar no meu esmalte? Isto é, como consegue se preocupar com isso? O mundo está em guerra, tantas notícias trágicas, tanto sofrimento, e tanta coisa acontecendo...
— Eu não tenho culpa de estar no mundo, Sapabela.
— Veja! Uma criança brincando! A sapinha está sozinha pulando "Amarelinha"...
— No que estará pensando?
— Não sei, mas sei que ela combina com as minhas cores.


HISTÓRIAS DO ROSPO 2011 — 496
Marciano Vasques
Leia CIANO

A TROVA DO DIA

Quisera que minha vida
fosse eterna primavera,
cada dia a flor colhida
no canteiro da quimera.
 


HENNY KROFT

NAS ONDAS DO SAPINHO

— Rospo!
— Sapabela. Ela está aqui...
— Ela quem, meu amigo?
— A felicidade.
— Então vamos segurar na mão dela...
— Tem saudade da sua infância?
— Tenho. Algodão doce, balões coloridos, pirulito, correr na chuva, saltar valetas, empinar pipas, rodar pião...
—Nossa, Sapabela! Tudo o que o sapinho gosta...
— É porque a infância é uma só... Quem faz as demarcações são os sapos adultos... Falando em adultos, encontro alguns sapos que parecem que não tiveram infância, ou se esqueceram de que foram crianças...
—É verdade. Carrancudos, sérios demais. Incapazes de lambuzarem o dedo no creme do bolo. Nem mais erguem os olhos para o céu...
— Nem para ver uma pipa?
— Não! Nem para ver a cor da pipa...
— Nem para olhar o avião?
— Não!
— Nem para ver um balão?
— Não!
— Nem para apreciar o salto do gafanhoto?
— Não. Mas gafanhoto não salta até o céu...
— Nem para se apaixonar pela  lua, ou imaginar lutas contra dragões? Nem para deixar manchar de luar uma lágrima que molhou os versos que não podiam mais ser escondidos?
— Não. Sapabela. Tornaram-se adultos. Entendeu?
— Adulteraram-se.
— O que disse?
— Nada.
— E se cada sapinho também pudesse compreender e sentir que a sua mãe, o seu pai e a sua professora já foram crianças um dia...
— Ora, o Sapinho está tentando isso o dia inteiro, todos os dias, ele é um provocador... A mãe, o pai, a professora... Eles que têm que perceber, eles que têm que se deixarem levar pelas águas do sapinho...
— Entendi. Em vez de apenas fazer o bolo, o mais importante é sentar juntos para comerem o bolo...
— E se lambuzar com o recheio, e atirar pedaços de bolo, e cantar, e sorrir, e dizer para o sapinho. "Aqui estou eu! Eu sou esse alguém"...
— Entendi. Tudo é importante. Lavar e passar a roupa do sapinho e da sapinha é importante. Mas ter os olhos brilhando quando o sapinho ou a sapinha estão se vestindo para irem ao cinema ou ao sorvete, e ir junto, isso não tem preço...
— Acredite. Há muito menos distância entre a infância e a vida adulta... É só limpar os olhos e querer ver.
— E se deixar levar pelas águas do sapinho...
Que são de fato as melhores ondas.

HISTÓRIAS DO ROSPO 2011 — 495
Marciano Vasques
Leia CIANO

FELICIDADE NO QUINTAL

quinta-feira, 24 de março de 2011

A FELICIDADE ORIGINAL

MOMENTOS NINGUÉM PAGA

— Momentos ninguém paga!
— Bonito , Sapabela, mas, por qual motivo está me dizendo isso?
— É que a vida é feita de momentos... São os caleidoscópios da alma...
— Sim, a vida é feita de momentos. Mas, e daí? O que tem a ver com o que você disse?
— Sempre tem tudo a ver, Rospo... Os momentos são preciosos demais.  Eles não podem ser desperdiçados, jamais.
— Concordo. Mas, como estabelecer prioridades?
— Ora, Rospo, uma caminhada com um amigo, um sorriso no rosto...
— Estou entendendo...
— Se você teve a chance do sorriso e desperdiçou, a perda é imensurável... O carinho por alguém, se teve a oportunidade e não o demonstrou, terá que avaliar o rumo de sua vida...
— Será que não está exagerando, minha querida? Que os momentos são preciosos não resta dúvida, mas tem os compromissos, as obrigações...
— É exatamente isso. Compromissos, obrigações...Mas, e os momentos que não são obrigatórios? Esses ninguém paga... Então, de vez em quando, deixe de lado tudo e vá atrás, corra, pois o tempo sempre está lá na frente... Ele nunca corre atrás de você.


HISTÓRIAS DO ROSPO 2011 - 494
Marciano Vasques
Leia CIANO

AS DUAS CRIANÇAS

Hollywood teve duas crianças


Shirley Temple

                                                                     Liz taylor


GRANDEZA


LASSIE

Quando eu assistia, eu não sabia
que aquela menina era a Elizabeth Taylor.
Marciano Vasques



MENTIRAS

MENTIRAS



Quantas mentiras fazem uma vida? Quando eu era menino e corria de chuva, nem me lembro se as mentiras realmente eram, pois afinal, não tinha culpa de ser menino, e culpa era coisa de velhos. Não de idosos, entendem?

SARAU

A ROSA VERMELHA

A TROVA DO DIA

Pingo de chuva caiu
sobre a pétala viçosa,
mais beleza conferiu
à roseira cor-de-rosa.
 


APARECIDA MARIANO DE BARROS

LIS



 Lispector

O POEMA DO DIA


 POR UM TRIZ


Queria ser atriz
E por um triz
Quase foi feliz...
Queria ser como Liz
E até sonhou,

No subúrbio, no interior.

No dia em que partiu
No trem sorriu
O último sorriso
Na cidade
Dos seus olhos lambuzados
Nas cores da tela
Do velho cinema...

Queria ser atriz
Essa flor-de-lis
Lilás

Quando chegou por aqui
Queria sim, Liz


Autor: Marciano Vasques

CHARGE DO ARTISTA SOLDA




Publicada no jornal O Estado do Paraná

OUTRAS PALAVRAS

"Parece ser impossível um país que deixa o povo 388 anos escravizado e, em seguida, excluído de seus direitos básicos, estar preparado para respeitar o negro"

Frei Davi Santos
ONG Educafro

A PALAVRA DO DEPUTADO

"Ilustre ministro moreno escuro"
Deputado Júlio Campos

(DEM — MT)

Referindo-se ao ministro Joaquim Barbosa, do STF

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