domingo, 24 de abril de 2011

O INFINITO ESPETÁCULO

— Um grande espetáculo! Quero falar sobre ele.
— Pois fale, minha linda. Nem sabia que tinha um chegado um circo aqui no brejo...
— Quem falou em circo?
— Você falou em espetáculo!
— Sim, um imenso festival, de exigências, de quereres...
— E onde você viu isso, Sapabela?
— Na minha infância.
— Entendi, como hoje, com os sapinhos e as sapinhas, que querem cada vez mais brinquedos... A infância virou um grande mercantilismo, para o capitalismo, claro... Os brinquedos cada vez mais caros...
— Rospo, não precisa esse discurso agora. O grande espetáculo da minha infância, o tal festival, foi de perguntas, foi de caça ao tesouro, muitas e muitas vezes, o tesouro do saber, do conhecimento, dos mistérios da vida. Fui uma sapinha completa, ou seja, rica de perguntas. Fui a sapinha mais curiosa do mundo. Adorava perguntar, e ler, li vários livros, alguns de aventuras inesquecíveis, adorava quando alguém dizia que não era para a minha idade, assim, quando eu tinha nove anos, alguém disse, é só para sapinhas de quinze anos. Devorei o livro, Rospo, escondida!
— Também fui um "rato de biblioteca"...
— Rato? Eu fui uma flor de biblioteca, Rospo! Uma flor sedenta e insaciável. O conhecimento era o meu companheiro inseparável, e brincávamos de esconde-esconde, ou seja, se não o encontrava num livro, ele surgia num filme... Sempre adorei essa brincadeira. Tive uma infância feliz, Rospo. Fui realmente a dona do espetáculo. Não o desperdicei jamais. Hoje eu aplaudo, e os aplausos são para mim. Eu fui a criança completa, a criança repleta de perguntas.
—Você sempre há de me emocionar, Sapabela. Por isso a nossa amizade se  fortalece a cada dia...
— E vou contar um segredo. Sou muito exigente. Exijo qualidade nas minhas escolhas... Por isso me sinto privilegiada.
— Como assim, Sapabela?
— Pensa que é fácil encontrar um Rospo?
— Sapabela, vamos parar com esse "rasgar de seda". Que tal um sorvete?
— É Páscoa, Rospo! Só pode ser sabor de chocolate.


HISTÓRIAS DO ROSPO 2011 — 549
Marciano Vasques
Leia CIANO

Um comentário:

  1. Também sou exigente por isso venho sempre visitar a Casa Azul, sei que não é fácil encontrar um amigo maravilhoso como o Rospo( e não estou ragando seda) é verdade vinda do coração..
    Luz
    Ana

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