quarta-feira, 25 de maio de 2011

NUMA NOITE DE LUAR

Outono enluarado só promove encontros entre amigos, e na praça mais praça do brejo, estão duas almas de poesia numa conversa de esticar varal...
— Sapabela, fale um pouco de você, por favor.
— Quer que eu fale um pouco de mim?
— Sim, conhecer um pouco mais do amigo é aprofundar tesouros...
— Sou simples, Rospo, e às vezes me sinto uma miosótis... E tenho boca de alfenim, alma que almeja e por isso se estende nos cordeis da vida... Se às vezes fico brava, olho ao redor e procuro, mas já é tarde, a raiva passou, mas na luta pelos meus direitos sou brava...
— Continue...  Quero ouvir mais...
— Esse sapo não existe!
— O que disse?
— Nada, pensei alto. Rospo, não tenho muito o que dizer. Como sabe, sou meio atrapalhada, minhas roupas não combinam, mas meu coração combina com as flores, tem noite que olho estrelas e cato sonhos piscantes, pirilampos da imensidão... Como já reparou, adoro vestidinhos...
— O olhar do sapo é direcionado, minha cara. E cá entre nós, os seus vestidinhos são imperdíveis...
— Adoro ler... Principalmente romances, ou seja, livros que nunca acabam em nossa memória... Amo amar, e brincar com sapinhos, às vezes quero até correr na ventania, chegar primeiro ao fim do arco-íris... 
— Você é fascinante...
— Sou acima de tudo fiel, aos meus princípios, à poesia, às amizades...
— Você é uma amiga especial... Vamos tomar um sorvete?
— Já estou lá!
— Sapabela, qual é o segredo da felicidade?
— Estar aqui, estar ao mesmo tempo que o mundo... esbaldar-se de mundo, ser apenas o que você é, e compreender que jamais deverá ofender as suas asas, caso o voo seja adiado.
— Que noite de luar! Esse luar que sobre mim derrama as palavras de uma amiga... Isso não tem preço, não é?
— Não tem, Rospo, nunca teve... Quem não reparou ficou sozinho olhando o trem sumir no horizonte.



HISTÓRIAS DO ROSPO 2011 — 586
Marciano Vasques
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5 comentários:

  1. Ah, há alguns dias não vinha ver esses dois, e continuam tão lindos e falando de amor, de amizade, que dá vontade de não olhar o mundo e só ficar por aqui ouvindo suas estórias. Mas e olhando pro mundo que buscamos dentro de nós energia para continuar amando e tentando fazer um mundo melhor!!!
    Suas palavras só fortalecem este instinto em mim!!!
    Um beijo em você e nos sapinhos!!!

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  2. Olá!
    Esses dois até nem sentem sono. E veja só, ficaram feliz ao ver você por aqui novamente.
    Eu também gosto de espiar com os ouvidos da alma essas conversas que rolam no brejo.
    Um beijo, e obrigado por tudo,
    Tentando fazer um mundo melhor! É isso...
    Marciano Vasques

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  3. queria muito viver no brejo...ser amiga da sapabela e do Rospo...Uma dupla q se completa. tanta sensibilidades nestes dois sapinhos! Deveríamos aprender mais com eles...
    Marciano, como sempre vc nos encanta com seus textos.Adoro te visitar!

    bjs Paula Laranjeira

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  4. às vezes, quase sempre, correndo acabo atropelando algumas palavras. Eu quis dizer que eles ficaram felizes...
    Marciano Vasques

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  5. Paula,
    E eu, claro, sou portador desse privilégio de ter a sua amizade... Essas riquezas também nos chegam virtualmente.
    Já nem sei dizer o quanto tenho que agradecer por tudo que a vida me trouxe, mas por você agradeço sempre.
    Um forte abraço,
    Marciano Vasques

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