domingo, 19 de junho de 2011

NUMA NOITE NA CIDADE

— Rospo! Por onde tem andado? Faz tempo que não o vejo. Ontem foi sábado...
— É verdade, Sapabela. E agora é domingo, tão melancólico...
— Não me faça lembrar, é fantástico!
— Sapabela, tenho um segredo...
— Diga.
— A felicidade que está dentro precisa ser protegida a qualquer custo...
— Claro que sim...
— E é essa felicidade que dá o direito a você de ser um menino, um sonhador, um solitário, com a solidão escolhida, naturalmente... Andar pela cidade garoando  ou roubando um pouco de luar para ofertar a uma amiga, isso é coisa de cada um, e só a felicidade protegida possibilita isso...  O namoro, por exemplo, é um dos acontecimentos mais espetaculares na vida de uma sapo... Quando estou numa arquibancada ao luar, revejo estrelas infinitamente distantes, mas que me atiçam a alma com o brilho cigano que fura os séculos e séculos... Tenho consciência de que o minuto que passa é igual ao milênio que passa, que é igual ao tempo que o tempo diz...tenho medo de morrer, mas a felicidade protegida me iça do medo...
— Rospo, o outono está indo embora?
— Não, meu bem, o outono apenas está mais sensível...
— Rospo, nada será como antes... Tem canção que já disse isso...
— Mas quase tudo que tem a ver com um antes feliz, será melhorado, isso eu sei... Sou feliz, mesmo que me assuste diante da imensidão que nos observa nesse silêncio de milhares de pontos luminosos...
— Rospo, eu preciso abraçar alguém... Pode ser você?
— Deve ser, Sapabela, e vamos abraçados pela cidade. Somos amigos, e amigos se abraçam...
— Rospo, quero poemas, circos, sorvetes... Quero luares, e sonhos, quero dizeres...
— Sapabela, deixe o mundo lá fora, vamos nos recolher em nossa felicidade protegida e vamos caminhar um pouco...
— O amor não dá conta de sua própria felicidade... E ele surge tal qual o capim que fura o concreto da calçada, sua força se manifesta em gestos de amizade, em circos de luzes... Então, assim vamos nós, que os milênios estejam com sua benção na alegria que cada minuto pode conter.



HISTÓRIAS DO ROSPO 2011 — 616
Marciano Vasques
Leia CIANO
Leia PALAVRA FIANDEIRA
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Um comentário:

  1. Pois é, esses dois são mesmo impossiveis, de um lado o rospo, cortejendo a sapinha bela, do outro lado ela, mostrando até um pouco de ciúmes, más é assim mesmo, a vida a dois dizem que é dificil. boa sorte, rospo e sapinha bela, bju marciano, terê.

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