quinta-feira, 23 de junho de 2011

NUMA TARDE JUNINA

Passeavam por uma tarde junina na cidade, quando a bela sapinha começa uma conversa:

— Rospo, o coração ressurge sempre.
— Eu sei, Sapabela. E é ele que importa, ele move o tempo. Sua chave abre a compreensão de todas as portas. Sua pulsação de amor e de paixão pelas coisas é inquebrantável...
— Rospo, uma flor de outono desbota?
—Não, ela jamais perde as cores...
— Às vezes me sinto só diante da imensidão...
— Eu sei, meu bem, de vez em quando fala sobre isso...
— É que há um eterno ciclo de retornos...
— Uma coisa que me impressiona é que os amigos não se vão, e quando encontramos um deles o coração acende um incêndio de alegria...
— Quero ter amigos, Rospo...
— Você tem, Sapabela.
— Por que esse vazio? Parece uma solidão tuberculosa...
— Não é vazio, minha amiga. É uma infinita ligação com a vida...
— Não sei o que diz, Rospo...
— A vida é alegria, intensa, é um acolchoado de luzes, de conversas, de sapos sorrindo, de sapos buscando seus lugares...
— É também pranto, gritos, esperanças, lutas, brigas...
— Tudo isso é uma festa que traduz a vida no mundo... Então quando você fica num varal, suspensa diante da sensação de solidão e desamparo, na verdade é o grito do seu coração, que se manisfesta, que é arrancado de si, com a brutal força da necessidade; ele mesmo se expulsa para a vida...
— Rospo, devagar! É muita coisa para pensar...
— Por isso que é fascinante...


HISTÓRIAS DO ROSPO 2011 — 620
Marciano Vasques
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