quarta-feira, 31 de agosto de 2011

A PARTIDA DA FLOR DE OUTONO

Sapabela encontra o velho amigo.
—Rospo! Fiquei sabendo!
—Ficou sabendo o quê, Sapabela?
—Hoje é o seu primeiro dia sem a Flor de Outono.
—Nossa! Tristeza tem pernas ligeiras...
—Pois é, alegria é meia lenta. Mas também chega lá.
—Fique tranquila que a tristeza não vai contagiar. Mas é duro.
—Rospo, qual a maior dor do mundo?
—Para o sapo é a perda da Sapa amada...
—Rospo, a flor de Outono era a coisa mais preciosa em sua vida, não é?
—Uma flor de Outono tem em si o status primaveril...
—O espírito da primavera, não é?
—Naturalmente, mas ela também parte, também se vai...
—Murcha? Perde as cores?
—Não, Sapabela, isso não. Ela não perde as cores. Ela é sim o colorido da vida, a alegria que não morre...
—Mas por que então, ela tem que partir?
—Para que a dimensão da compreensão da vida seja expandida...
—Mas viver só tem sentido ao lado das cores da vida. Ou seja, de que vale a vida longe da flor de Outono?
—É, Sapabela, a flor de Outono estará sempre no coração... Partir é apenas um disfarce...
—Rospo, isso é apenas uma filosofia... concretamente a sua flor de Outono se foi... Sabe o motivo?
—Não sei ao certo, mas penso que a contribuição de uma partida sempre é dos dois...
—Tome, Rospo, um presente para você...
—Um espelho? Que presente estranho!
—Estranho mas absolutamente necessário neste momento.
—Necessário?
—Sim, para nele você poder ver um dos culpados.


HISTÓRIAS DO ROSPO 2011 — 659
Marciano Vasques

Um comentário:

  1. "Para que a dimensão da compreensão da vida seja expandida..!Pois é amigo, partir é sempre um disfarce e como precisamos de uma espelho em nossas vidas..Que texto lindo e profundo! Todos deviam ler isto, nos faz pensar e refletir.
    Maravilhoso como sempre!
    Luz!
    Ana

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