terça-feira, 11 de outubro de 2011

ESQUECIMENTO

RETALHOS

Queria ir embora para um lugar onde pudesse sentir o despontar de um rio. Fincar meu coração nesse lugar. Sentir o afago do vento nas folhas alisadas pela memória viva do meu pensamento.
Caminhar pela calçada orvalhada. Ter a consciência clara e limpa de que chegou o tempo de esquecer.
Queria ofertar o meu coração para a paz e a harmonia, viver no esquecimento, reaprender o prazer de abrir um poema avulso, de olhar para as coisas que passam em delicadeza e assombro.
Queria ser um homem em harmonia com o esquecimento, numa pausa de simplemente caminhar nos meus mais íntimos sonhos, num deleite que não se deleta, numa incorporação de palavras sinceras, de dizeres puros e azuis.
Chegou o tempo do esquecimento e eu o assumo. Sei que fui muito mais do que poderia sonhar nessa ganância de amor.
Receberei a solidão mais sincera, autenticada no aroma do pão, nas fagulhas que contracenam com fogueiras em meu tórax.
Quero ser lembrado como o homem que esqueceu. E quando eu já tiver esquecido, quero despertar e encontrar num sorriso claro de mulher um retorno outonal.

MARCIANO VASQUES

3 comentários:

  1. Hola Marciano:
    Los escritores como tu no caeréis nunca en el olvido.
    Vuestras letras siempre estarán en el corazón de vuestros lectores.
    Beijos, Montserrat

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  2. Querido amigo! Seu coração você ofertou a poesia. Não esqueça, jamais!
    Luz!
    Ana coeli

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  3. "Queria ir embora para um lugar onde pudesse sentir o despontar de um rio"

    ...lugar lindo esse, onde tudo é sereno e onde o encontro com o próprio ser se faz de uma forma purificadora, escutando o que o silencio diz à alma.
    Marciano Vasques, acredito que você vive em permanência nesse lugar onde dá voz à poesia, aos sentimentos, à simplicidade.

    abraço amigo
    oa.s

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