quinta-feira, 13 de outubro de 2011

NO BANCO SURREALISTA



Rospo está lendo o jornal na praça. Espere um pouco! Isso é apenas uma impressão. Na verdade, ele está ouvindo uma das conversas surrealistas que só acontecem naquele banco. Pois bem, no banco do surrealismo, um casal discute, e Rospo, naturalmenre, espicha o ouvido.
—Você saiu com a Rubi.
—Eu?
—Sim, já fiquei sabendo. Por que fez isso comigo?
—Meu bem, sabe que eu te amo.
—Mas saiu com a Sapa Rubi.
—Com ela foi só sexo.
—Jura?
—Juro, o meu amor é só para você. É você que eu amo. Só você. Eu sai com ela, mas foi apenas e tão somente sexo. Pode acreditar em mim. Você acredita, não é? Diga que sim, por favor. Olhe o que eu trouxe para você.
—Uma caixa de bombons! Que gesto doce!
—Acredita agora que eu te amo?
—Sim, meu bem, acredito. Você é um amor.
—Agora estou aliviado. Não vamos mais brigar e nem precisa ter ciúmes. Você tem o meu amor, pois só você mora em meu coração.
—Querido, preciso contar algo.
—Conte, meu bem, conte.
—Eu saí com o Sapo tal.
—O que?
—Mas não se preocupe, benzinho, Foi só sexo. Sabe também que eu só amo você. O meu amor é só seu. Com ele foi apenas sexo. Não ligue, meu amor.
—O que? Você fez isso? Como pôde fazer isso? Quem você pensa que é, sua... Você me desonrou, manchou o meu nome, você... e você... e você... Suma daqui, desapareça da minha frente! E devolva os bombons! Sua...&*@#%...
Ao ver que a sapa ficou sozinha, Rospo puxa uma conversa.
—Ele se foi, não é?
—Então, você viu, Sapo, viu que coisa boa?
—Do que está falando?
—Às vezes uma simples mentira ajuda a resolver uma vida.
—Boa sorte, moça.
—Obrigado, Sapo. E o jornal, está bom?
—Vou ver se começo a ler.



HISTÓRIAS DO ROSPO 2011 — 692

Marciano Vasques


Nenhum comentário:

Postar um comentário

Pesquisar neste blog