domingo, 16 de outubro de 2011

ESQUECE NADA, PASSARINHO!

Pode um homem viver sem sua mulher? Perguntou o passarinho ao espinho, só para lembrar um conto.
Um conto que chorei numa Sala de Leitura, e tavam aquelas pessoas, impregnadas de Paulo Freire, de Jorge Amado, de Gonzação, que ela só pensa, só pensa em namorar.  Será que alguma delas se lembra, uma só daquela gente daquela noite do canto do espinho e do passarinho? Sei não! Hoje tá tudo farto de esquecimento. É tanta fartura de esquecimento, mas será que nem aquela moça que foi embora para Pernambuco? E tem mais, interromper um conto por causa das lágrimas, é culpa do conto.
O que é uma noite de conto de cotovia nesse montão de noites? Dê corda para menina pular, dê carvão pra riscar amarelinha, dê anel para passar de mão em mão, faça só o que é da sua obrigação, e vai ver como a vida vai florescer numa felicidade só, mas não quero me desviar da pergunta do passarinho.

Pode não, um homem não pode viver sem sua mulher. Ninguém pode viver sem o abraço do outro, e eu fico às vezes em todos os tempos pensando: O que seria do homem se não tivesse mais a mão da mulher que ele ama passeando em seu rosto com a suavidade que só ela analgésica pois nasceu para analgesicar as dores do caboclo? Quero dizer assim: meu rosto tem barba, eu sei, é para o vento, as agruras da vida, para as intempéries, os temporais, mas ele foi feito para a mão da mulher amada, não é? Eu não me canso de não dizer, pois nem é preciso, mas quando chego em qualquer lugar sei que meu rosto necessita da mão da mulher que amo, é assim também com meus ouvidos. Pode um homem ouvir todas as canções que o mundo tem, mas já pensou se ele não pode ouvir o timbre da voz da mulher que ele ama?
Assim, quero dizer que a mulher é uma bobona se pensa que vai ser esquecida. Até pode, mas antes vai doer tanto! A verdade é que ela jamais poderá ser totalmente esquecida. Ela não entra nessa fartura do esquecimento que falei. Da mesma forma que não se esquece o aroma do doce feito em casa na infância,  que não se esquece o perfume daquela flor, que nem nome mais tem, pode ter sido dália ou jasmim, só importa é que foi flor que perfume deixou.
O homem não esquece a mulher do amor; se o sujeito diz que esquece e não quer nem saber desse papo de amor, pode crer, é um simulacro de coração o que ele tem no peito.
Mas é errado dizer que tudo gira em torno da mulher. E nem é uma coisa de ficar idealizando, poetizando, glorificando. Não é nada disso. Se você não entendeu, dá licença que quero um vinho, para me aquecer. Eu estava falando da vida, do amor. A culpa é daquele passarinho que me perguntou.
Vou indo, não precisa nem atabaques nem viola, nem apito de navio, nem neblina nas docas, só vou indo... 
Prestar mais atenção em passarinho perguntador, não.


MARCIANO VASQUES

2 comentários:

  1. Bobona mesmo...
    Abençoada seja a tua, a mulher que não pode, de jeito nenhum, ser bobona, pois que é AMADA! E por isto, sempre lembrada.
    Grande Ciano!
    Um abraço, querido!
    Amei tanto esse passarinho, amigo, que queria um dia vê-lo filosofando comigo, em minha janela...

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  2. Sim amigo, o que importa é o perfume que a flor grava em nosso ser...Agora,como bem disse nossa querida amiga,feliz da mulher por tão belas palavras e por tanto amor.
    Luz!
    Ana

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