sexta-feira, 25 de novembro de 2011

ELA É ÚNICA!

—Rospo, meu bem!
—Sapabela, minha querida. Que bom encontrá-la! Hoje é sexta-feira! Ninguém é de ninguém. Vamos tomar um sorvete, andar pelas calçadas, vamos conversando, vamos?
—Precisa tanta angústia não, Rospo, já aceito antes de você convidar. Vamos tomar algo gelado, sorrir, dar boas gargalhadas. Como é bom sair com um amigo numa noite de sexta!
—Sapabela?
—Sim, meu anjo.
—As luzes de neón, o seu vestidinho...
—Gostou, Rospo?
—Outro vestidinho de tirar.
—Tirar que é bom não vai mesmo! Pelo jeito, está aprendendo a ser teórico, Rospo!
—O que está querendo dizer, Sapabela?
—Quando eu começo a querer, já disse, meu amigo. Estou dizendo que o vestidinho aqui da mamãe só tira se a Sapa deixar, e ela só deixa quando quer. Pensa que é fácil?!
—Sapabela! Não trate assim um  pobre rapaz! Por acaso, não quer mais que eu fale dos seus vestidinhos?
—Não, Rospo! Eu adoro tudo isso. Sou uma Sapa, e sem prazo de vaidade. Para mim é uma delícia da vida ser elogiada. No dia em que eu aparecer de esmalte bonito e você nem ligar.
—O de hoje é lindo. Um verde-claro que realça os seus olhos.
—Havia reparado?
—A ligeireza faz parte do jogo.
—Mas a ligeireza tem que ser geral, para tudo.
—Estou lento em algo?
—Não, não é isso que eu quis dizer. Eu quis dizer que se você se apaixonar por uma sapa ou estiver interessado nela, tem que ser ligeiro. Mas preciso consertar: não deve ser ligeiro em tudo. Na hora do amor deve demorar o mais que puder. Toda carícia será sempre um aperitivo.
—Sapabela!
—Deixo você sem jeito, não é?
—Claro que não! Só não precisa falar tudo.
—Sapos sempre se embaraçam com a esperteza da sapa, principalmente se são amigos e se um deles está com algum interesse disfarçado.
—Tem alguém assim por aqui, Sapabela?
—Com certeza não, Rospo. Somos e seremos sempre bons amigos. Nada além disso. É o que vive dizendo.
—É duro ter que engolir as próprias palavras.
—|O que disse?
—Que serei mais cuidadoso com as coisas que falo.
—Quando fala com uma sapa o cuidado tem que ser redobrado, meu querido.
—Sapabela, você é única!
—E por acaso já viu duas sapas iguais?

HISTÓRIAS DO ROSPO 2011 — 711
Marciano Vasques

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Pesquisar neste blog