quinta-feira, 17 de novembro de 2011

NO APRENDIZADO DO SORRISO

—Sapabela!
—Rospo!
—Que me conta?
—Minha amiga diz que sabe totalmente educar uma sapinha.
—Bom saber que tem sapas que sabem totalmente uma coisa tão complexa.
—Ela sempre mantém o ar sério e compenetrante quando fala com a pequena. Não manifesta um sorriso que é para causar boa impressão.
—Bem, compenetrante quer dizer, penetrar juntos num universo, num entendimento, num mundo de clareza. Mas ar sério, e não manifestação de sorriso? Péssima impressão.
—Não diga, Rospo!
—Já disse!
—Mas fale um pouquinho sobre isso. Fiquei curiosa.
—Sapabela, você já é curiosa desde que nasceu. E agradeça aos céus por isso. Mas falo sim. Ora, educar uma sapinha. Que sabe disso quem tem o olhar severo ou então sério? E pior, não manifesta um sorriso? Manifestar é a festa das mãos, num abraço, num afago, e tem mais: Pode sim falar de coisas sérias, de compromissos, de responsabilidades, ensinar a bonitinha. Mas, sem manifestar um sorriso?
—Vá em frente, Rospo, bem fundo.
—Diga isso não.
—Não me faça rir. Ou melhor, faça. Eu quis dizer: prossiga!
—Isso jamais alguém precisa me dizer.
—Rospo, então, pare de enrolar, e diga.
—Tem que estar sempre sorrindo quando se fala com uma criança. Isso deveria ser uma lei universal do coração do mundo.
—Mas às vezes a criança pode ser malcriada.
—De todas as sapices que ouvi...
—Sapices?
—Eu quis dizer equívocos, tolices...
—Compreendo.
—Adoro essa palavra: compreender é apreender juntos, confiscar para a alma, e apreender é aprender o essencial.
—Enrolando novamente?
—Eu quis dizer que essa foi a maior bobagem que ouvi, pois quem pode me dizer que todas as crianças sejam bemcriadas?
—Vá em frente.
—Quando você estiver doente sentindo dores não poderá sorrir nem terá vontade, de um modo geral é assim.
—E daí?
—Daí que o aprendizado do bem viver começa no rosto, na face. E um sorriso é imprescindível. Um rosto sem ele, sem o sorriso é um semi-rosto.
—Exagerou um pouquinho, pois um rosto pode estar sóbrio, pode estar concentrado, pode estar...
—Naturalmente, Sapabela. Mas são momentos em que o sorriso não se faz absolutamente necessário, porém, ao se falar com o sapinho ou a sapinha, tem sim que o sorriso ao rosto ser devolvido.
—Muito bem, Rospo! Então, para uma criança: sempre sorrir!
—O sorriso em sua face quando fala com um pequeno é o portão de entrada para a escola do aperfeiçoamento do ser.
—E quando você sorri, Rospo, a criança leva com ela o seu sorriso.


HISTÓRIAS DO ROSPO 2011 —702
Marciano Vasques

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