quinta-feira, 10 de novembro de 2011

O REMÉDIO DO COTIDIANO

—Sapabela!
—Rospo!
—Vamos ver quem se apaixona primeiro?
—Que papo é esse, Rospo?
—Ver se eu ou se você se apaixona primeiro pelo outro.
—Ora, deve estar falando sério.
—Estou, mas quero dizer que nossa amizade é por demais importante.
—O brejo inteiro sabe disso, meu querido.
—Sapabela, descobri o motivo, a causa, pela qual me tornei um sapo feliz.
—É feliz, Rospo?
—Sou, não entendo bem o porquê, porém sinto-me o mais feliz dos sapos.
—Não sente vontade de variar um pouco?
—Como assim?
—Sentir-se triste. Às vezes massageia o ego de alguns colegas.
—Está picante hoje, minha amiga.
—Rospo, o que de fato o levou a se considerar feliz?
—Parei de tomar o remédio.
—Que remédio?
—O remédio do conformismo, do apaziguamento, do marasmo, da imobilidade.
—Que coisa, rospo!
—Quem toma tal remédio não se arrisca a ser feliz. Afinal, bem sabe, ser feliz é um risco.
—Rospo? Isso não é remédio! É veneno.
—É?
—Por acaso não leu a bula? Nem imagina os efeitos colaterais.


HISTÓRIA DO ROSPO 2011    —697

Marciano Vasques

Um comentário:

  1. Viver a toda hora, todo instante, temos o dever sagrado de ser felize..
    Luz
    Ana

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