domingo, 25 de dezembro de 2011

BREVE FUGA DO NATAL EM FAMÍLIA

Radiante Sapabela com seu amigo na calçada do Natal.
—Sapabela, conseguiu fugir um pouco?
—Logo retorno, Rospo, em alguns minutos. Natal, bem sabe, é comemoração familiar.
—Quem sabe um dia a família irá se expandir, tornar-se algo mais amplo. Invadir a praça. Já pensou? Natal com uma mesa longa e um montão de sapos, alguns dançando ao luar numa ciranda na praça?
—Quem sabe, Rospo, quem sabe... Mas hoje o Natal ainda é um evento familiar. A "Noite Maior" é para se passar com a família.
—Verdade, linda amiga. Mas diga-me: Pretende mudar em 2012?
—Pode ser que eu mude, para melhor, em algumas coisas, Rospo. Mas de modo geral, continuarei sendo a mesma. Sempre vaidosa, ligeira nas decisões, todavia, às vezes, um pouco atrapalhada por causa de tantos séculos de opressão.
—Sapabela, sempre me impressiona!
—Algumas coisas sei mesmo que não irão mudar. Minhas roupas não combinam, mas me visto como eu gosto.
—Meu olhar de sapo agradece.
—Estarei sempre antenada na exuberante alegria de viver. Jamais trairei a minha crença na justiça e num mundo mais correto, onde os opressores não terão vez. Minha voz estará sempre disponível para denunciar, aos berros, se necessário for, todo o mal que a sociedade engendra. Para isso é a minha voz, além de acalantos e também declarações de amor. Continuarei firme e terna. A suavidade na voz para acalmar os aflitos, a energia do timbre para encorajar os indecisos.
—Sinto orgulho de tê-la como amiga.
—Eu sei, Rospo! Fico feliz por ter repetido isso quase 365 vezes ao ano.
—Contou?
—Sapa tem essas coisas.
—Sofreu alguma decepção?
—Naturalmente. Porém,cada decepção foi realmente  na raiz decepada , para que a alegria pudesse triunfar.
—Pode dizer um exempo de decepção que tenha sofrido?
 —Sim, alguns sapos têm a visão muito curta das coisas, e às vezes por uma mágoa particular, ou coisa assim, deixam de lado um universo de riqueza em si. Isso me foi dificil compreender. Meu coração sempre pelas coisas imensas pulsou ...
—Vou tentar traduzir isso no meu travesseiro hoje, Sapabela. Mas agora, o nosso abraço.
—Feliz Natal, Rospo!


O longo abraço é interrompido pelo celular da Sapabela.


—A família me chama, Rospo. Nosso abraço continuará amanhã, e todos os dias, e em 2012...
—Obrigado, querida. Tchau! Feliz Natal!
—Feliz Natal, Rospo!

Sapabela segue olhando para trás, para ver seu amigo sumir na neblina da "Noite Maior".

—Cuidado, Sapa! Quase a moto te pega! Vê se olha por onde anda!

—"Na verdade, estava olhando para onde eu deveria andar".


HISTÓRIAS DO ROSPO 2011    —    746
Marciano Vasques

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