Rospo encontra um amigo:
—Olá! Veja, meu caro, que azul! O céu está lindo agora. O dia floresce ensolarado.
—Vai chover, Rospo! À tarde choverá.
—Repare no sorriso daquela sapinha que dança na calçada. Ela esbanja a alegria de ser criança.
—Aposto que está dançando uma dessas músicas moderninhas. Deveria estar em casa estudando.
—Meu querido. Fico muito feliz quando alguém planta uma roseira ou monta qualquer pequena floricultura em sua casa. E meu vizinho fez isso.
—Falta de ocupação, Rospo. Ele está de férias?
—Não. Plantou no sábado, de manhã.
—Poderia ter aproveitado melhor o seu tempo. Talvez lendo um jornal, ou correndo.
—Quer ver as plantas que ele está cultivando?
—Pare com isso, Rospo! Tenho mais o que fazer.
—Irei com minha amiga Sapabela amanhã à Pinacoteca. Gostaria de ir?
—Não vou em museu, meu caro. Museu já tenho um em casa.
—Como vai sua Pré? Ou já está adolescente? Que lindo rosto tem sua filha! Parabéns! E a meiguice do olhar a todos cativa.
—Você que pensa!: seu rosto atualmente só tem espinhas e cravos. Sabe como são os jovens.
—Certa vez eu a vi desenhar, e fiquei apreciando um de seus desenhos enquanto conversávamos. Lembra? Continua desenhando?
—Vive fazendo uns rabiscos. Preferia que ela arrumasse logo um emprego. Qualquer coisa, Rospo! Chega de ficar em casa sem fazer nada.
—Meu amigo, preciso ir. Posso dizer algo?
—Mesmo se eu disser que não, você dirá. O que é?
—Esse seu regime é danoso. Para você, para a sua alma, e para os que estão ao seu redor.
—Que regime, Rospo? Como de tudo!
—O regime do seu olhar.
—E por acaso olhar faz regime?
—Faz sim. O seu está num regime bem radical.
—Você está é biruta.
—Amigo, abra o seu olhar para as coisas belas da vida, para a simplicidade, para a alegria e suas cores. O mundo, a vida, tudo clama pela renovação do seu olhar. Para de se recusar a ver o que é importante. Chega de regime do olhar!
—Rospo, quer saber? Tenho mais o que fazer. Um bom dia!
—Amigo, obrigado por me desejar um bom dia, mas não custa lembrar. O dia é de nossa responsabilidade.
—Tchau mesmo!
HISTÓRIAS DO ROSPO 2012 —771
Marciano Vasques
terça-feira, 28 de fevereiro de 2012
sábado, 25 de fevereiro de 2012
FLANELA OU LÃ
Resfriado, escorrendo o nariz
pela calçada moço.
Sem almoço, sem alvoroço,
Sem casaco de flanela ou lã.
Bolo de nozes ou avelã.
Chá de anis.
pela calçada moço.
Sem almoço, sem alvoroço,
Sem casaco de flanela ou lã.
Bolo de nozes ou avelã.
Chá de anis.
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POESIA
quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012
O ESMERO PRINCIPAL
Pensei nas imagens do cinema,
Que me trouxeram alegria.
Audrey Hepburn em "Guerra e Paz",
E tantas outras.
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POESIA
segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012
FRAGMENTOS
Ainda penso que você pode pensar
Que a poesia devolva a necessidade aflita
De outras noites que arderam em febre de luar.
Que a poesia devolva a necessidade aflita
De outras noites que arderam em febre de luar.
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POESIA
sábado, 18 de fevereiro de 2012
FRAGMENTOS
Mastigando mágoas em vez de buscar um alimento mais nutriente para a alma. Assim se comportam alguns.
Mal sabem que talvez devesse ser melhor desbloquear a audição e passar a ouvir o que está além das asperezas.
Seria bom resistir aos insensatos confrontos do cotidiano, às intempéries inócuas, aos desacertos, e olhar no pasmo das coisas que realmente importam o desassombro da alegria que espreita e vela pelos nossos almejares.
É mais fácil se perder ou perder aquilo que jamais deveria escapar entre os dedos. Por isso é preciso firmeza e audácia.
O que já foi sonho, o que já foi ilusão. Nada disso deveria se desfazer nas nódoas diárias.
Voltar ao que sempre nos alegrou. Ao que nos trouxe a alegria particular. O que foi colhido nos momentos mais solitários, aquilo que jamais nos irá trair. Pois fez-se parte integrante do que somos e do que seremos sempre.
Tem algo que a multidão não leva, que a arrogância não consegue desbotar, que o tempo não conseguirá desfazer, destecer. Algo que não escolhemos, mas nos foi agraciado, nos foi ofertado na infância, e nos mais íntimos encontros com nossa existência.
Sou o que fui. Fui o que serei. O exato querer do recolhimento, das escolhas e da alegria. Só essa alegria como vela votiva, só essa alegria me persegue, me protege.
Anos foram necessários para que eu compreendesse que jamais estive na multidão.
Marciano Vasques
Mal sabem que talvez devesse ser melhor desbloquear a audição e passar a ouvir o que está além das asperezas.
Seria bom resistir aos insensatos confrontos do cotidiano, às intempéries inócuas, aos desacertos, e olhar no pasmo das coisas que realmente importam o desassombro da alegria que espreita e vela pelos nossos almejares.
É mais fácil se perder ou perder aquilo que jamais deveria escapar entre os dedos. Por isso é preciso firmeza e audácia.
O que já foi sonho, o que já foi ilusão. Nada disso deveria se desfazer nas nódoas diárias.
Voltar ao que sempre nos alegrou. Ao que nos trouxe a alegria particular. O que foi colhido nos momentos mais solitários, aquilo que jamais nos irá trair. Pois fez-se parte integrante do que somos e do que seremos sempre.
Tem algo que a multidão não leva, que a arrogância não consegue desbotar, que o tempo não conseguirá desfazer, destecer. Algo que não escolhemos, mas nos foi agraciado, nos foi ofertado na infância, e nos mais íntimos encontros com nossa existência.
Sou o que fui. Fui o que serei. O exato querer do recolhimento, das escolhas e da alegria. Só essa alegria como vela votiva, só essa alegria me persegue, me protege.
Anos foram necessários para que eu compreendesse que jamais estive na multidão.
Marciano Vasques
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CASA AZUL DE PALAVRAS
quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012
REMÉDIO PARA O MUNDO
Lá ia o Rospo com um vidro quando despertou a atenção da Sapabela, que por acaso passeava na Praça Azul.
—Rospo, aonde vai com esse frasco?
—Remédio, Sapabela, remédio.
—O que precisa ser remediado, meu amigo?
—O mundo, querida. Estou levando remédio para o mundo.
—Mas a dose não cabe num vidro, Rospo!
—Cabe sim.
—Posso saber de qual remédio se trata? E o que pretende medicar?
—A insensatez da violência, os desencontros, a falta de respeito para com os outros, a agressão ao meio ambiente, a corrupção, as iras, a inveja...
—Rospo, não tem remédio para isso tudo. O mundo está num abismo.
—Pois estou abismado, Sapabela. Como pode duvidar que é possível tratar do mundo?
—Quero ver esse remédio, Rospo!
—Aqui está.
—Um papel?
—Leia.
—Um poema! Pensa que assim poderá tratar do mundo?
—Um poema é apenas uma dose, bem eficaz. O mundo precisa disso.
—Tem efeito colateral?
—Tem. Vicia.
Histórias do Rospo 2012—770
Marciano Vasques
—Rospo, aonde vai com esse frasco?
—Remédio, Sapabela, remédio.
—O que precisa ser remediado, meu amigo?
—O mundo, querida. Estou levando remédio para o mundo.
—Mas a dose não cabe num vidro, Rospo!
—Cabe sim.
—Posso saber de qual remédio se trata? E o que pretende medicar?
—A insensatez da violência, os desencontros, a falta de respeito para com os outros, a agressão ao meio ambiente, a corrupção, as iras, a inveja...
—Rospo, não tem remédio para isso tudo. O mundo está num abismo.
—Pois estou abismado, Sapabela. Como pode duvidar que é possível tratar do mundo?
—Quero ver esse remédio, Rospo!
—Aqui está.
—Um papel?
—Leia.
—Um poema! Pensa que assim poderá tratar do mundo?
—Um poema é apenas uma dose, bem eficaz. O mundo precisa disso.
—Tem efeito colateral?
—Tem. Vicia.
Histórias do Rospo 2012—770
Marciano Vasques
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HISTÓRIAS DO ROSPO 2012
domingo, 12 de fevereiro de 2012
sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012
domingo, 5 de fevereiro de 2012
POEMA EXTRA
O TREM
Tem trambique tem trambique tem trambique
Tem trambique tem trambique tem trambique
Piuiiiiiiiiiiiiiii!
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