sábado, 25 de fevereiro de 2012

FLANELA OU LÃ

Resfriado, escorrendo o nariz
pela calçada moço.
Sem almoço, sem alvoroço,
Sem casaco de flanela ou lã.
Bolo de nozes ou avelã.
Chá de anis.



Sem o que eu quis.


Sou mais esperto no salto que rã.


Sou um, muitos,  milhares,
Sem pipas nos ares.
O farto conforto de mingau repartido
De aconchego na sala
Voz numa frase qualquer
de amar menino.
Enfiando-me num casaco de flanela ou lã.


Doce acalanto.
Doce? Boldo, moço! Losna!
Secura dos verbos essenciais.


No cortante vento  madrugada afora.


Uma só palavra,
Sem aforismos,
Pura
Sã.


De flanela ou lã.


Lá vou eu! 
Aqui no picadeiro!
Malabarista!
Um belo artista!


Sou ás.


Posso cuidar do seu carro, moço?


Nem lona rasgada
Num circo pobre
Para eu olhar lá do alto
Se por acaso virar estrela




Sirene!


Lá vou, sem controle remoto,
Alma de ciganinho
Sem refúgio, sem pausa.


Preciso correr, moço!






MV

Um comentário:

  1. Triste realidade, retratada com doçura em suas palavras. Flanela ou lã, enquanto alguns tem tantas que não conseguirão vestir nem em duas vidas, outros tem o prato vazio, dia a dia.

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