sexta-feira, 15 de junho de 2012

A RECEITA INFALÍVEL DO SAPO

—Rospo no ponto de ônibus esperando a amiga Sapabela quando chega uma conhecida e a conversa toma gosto.
—Estou chateada, Rospo, nada dá certo. Tudo que eu planejo sai errado. Não suporto mais isso.
—Que coisa!
—Nada dá certo, amigo. Sempre algo de errado acontece.
—Está se sentindo infeliz?
—Infeliz, frustrada, estou me sentindo um bagaço, uma vala, Rospo.
—Tenho uma receita infalível que fará com que se sinta melhor. Funciona mesmo. Pelo menos, com a maioria sempre resolve.
—Qual é essa receita, amigo? Diga!
—Ponha a culpa em alguém. Arrume um culpado. Culpe o outro.
—Eu sempre faço isso, quer dizer, jamais faria tal coisa, Rospo. Onde já se viu? Culpar os outros pelos nossos fracassos?
—Primeiro que essa palavra "fracasso" é muito forte, não pode ser usada em vão. Segundo, essa receita é infalível mesmo. Você culpa alguém pelos seus erros, pelas suas confusões, e se sente mais leve, parece que fica melhor quando joga para outro a responsabilidade das suas mancadas...
—Sei não, Rospo.  No meu caso não adianta. Posso até culpar alguém, arrumar um culpado, mas vou continuar fracassando.
—Querida, a nossa conversa está uma beleza, mas o ônibus chegou, e a Sapabela está nele. Tchau, boa sorte.
—Tchau, Rospo. Divirta-se. Eu ficarei por aqui lamentando a minha falta de sorte.
—Tchau, amiga, e não se esqueça:
—?
—Procure o outro.


HISTÓRIAS DO ROSPO 2012    — 784

Marciano Vasques

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