sexta-feira, 14 de setembro de 2012

UM PROVÉRBIO IMPORTANTE






UM PROVÉRBIO MUITO IMPORTANTE



—Rospo, adoro ser assim um pouco atrapalhada.
—É mesmo?
—Sim, e adoro ler no trem...
—Mas, pelo que sei, está sempre na janelinha.
—É uma leitura também, Rospo.
—Gosto do seu colorido, dos seus vestidos... Aprecio seu jeito despretensioso, de quem não quer nada, mas sei que jorra em você uma fonte de quereres...
—Rospo, sempre vou à luta... Estabeleço meu roteiro logo na alvorada...
—Anda muito?
—Não, não sou candidata a nada. Meu roteiro é supostamente abstrato. Até ouvir uma canção faz parte... Veja que meu roteiro nada tem a ver com rotina...
—Sei, então, você é organizada....
—Essa disciplina é fundamental, Rospo, é o fundamento de meu próprio ser, mas, veja bem, sou mesmo atrapalhadinha, e isso me alegra...
—Jura?
—Adoro comemorar a inveja de alguma colega com bolo de cenoura.
—Yupiiii!
—Não pode nem ouvir falar em bolo de cenoura, Rospo?
—Sou assim mesmo, deselegante.
—Rospo, você é tudo de bom, para mim. Essa sua naturalidade me encanta.
—Sapabela, palavras elogiosas são boas, mas já deve ter ouvido um provérbio antigo, talvez oriental...
—Que provérbio, amigo?
—“De nada valem os elogios se não convida o amigo para um bolo de cenoura”
—Rospo, de onde tirou esse provérbio?
—Encontrei numa página de “O Papiro Atômico”...
—Sei.... Está combinado: Quando alguma amiga demonstrar inveja de alguma conquista minha, eu o convidarei para compartilhar comigo a comemoração com o bolo de cenoura...
—Sapabela...
—Diga, meu querido...
—Tem chance de um licor de anis?
—Quando chegar em casa já irei prepará-lo e guardá-lo na geladeira...
—Yupiiii! Ou melhor: Yupiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii !
—Rospo, você parece a vida...
—Como assim?
—Ela também não toma jeito.


HISTÓRIAS DO ROSPO 2012    823
Marciano Vasques

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