sexta-feira, 12 de outubro de 2012

ENTRE OS FRAGMENTOS


Nudez,
Que amortece,
Numa ilusão
Que não compensa.
Dança passageira
Num transtorno
Sem resgates.

O leite, a ciranda,
O anel do vidro,
O homem que já se esqueceu
Da força do afeto.
Sorriso fugaz...
Gritos feridos, varais, lençóis,
Uma olaria..., um sonho a mais
Não custa trair...
Um sonho a mais
Alimenta conversas em varandas caiadas.
Rostos amargos nos bares
A falta que torce o peito e rasga
A vontade
De sair por aí.
A periferia segue...
Nuns moços que escrevem poemas.
Pais
Que mastigam
As frases
Negadas.
Mães que se dilaceram,
Brotares que atrofiam...
Filhas adolescentes
Que não rasgam as travas do futuro.
Moços e moças
Que poderiam cravar
Um mundo mais limpo, mais justo...
....

É tanta torcida...

...

A surdez que rejeita o soluço
Do pranto da moça ainda menina.
O pai só trabalha,
A vida se esquiva,
A felicidade nem de soslaio.
A nova da Globo,
E de vez em quando eleições
E Copa do mundo,
E tudo se mescla nas perdas...
Já nem sei...
Vem uma fumaça
Uma névoa uma nódoa qualquer.
Se pudessem ouvir
Quantas histórias sempre se tem pra contar...
Esmiuçadas ou latentes
Num fiapo de dor
Que seja.
Ou numa revolta graúda
Esquecida
Nos indeléveis fracassos
Das almas esbagaçadas...
Se o quintal do poeta em silêncio está...,
Se a falta do samba invadindo a tarde...
Numa autenticidade de bolo de milho
De abraços sinceros,
Numa vertente da alma
Que escoa
Pelas ruas, favelas, e avulsos terrenos.
A periferia é sempre mais.
Os esconderijos da dor
Vingam nos sulcos dos rostos
Que olham
A força que passa,
Numa resistência que não é manchete.
Enquanto a vida prossegue
Entre quereres assoviados
E engolidos...
Tantas áfricas!, tantos sertões!,
Tanta aridez!, tantas conversas dilaceradas...,
O que não pode ser contabilizado
Está nas bocas que se beijam
Na busca do amor
Que não cabe
Na insensatez
Das tardes recheadas
De alegrias amputadas.
Periferia:
Não tem marqueteiro
Com sua alma.

Marciano Vasques

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