terça-feira, 11 de dezembro de 2012

VALSANDO NUM SONHO




—Sapabela, quero ofertar uma canção a você.
—Que bom, Rospo! Uma canção é essencialmente necessária para facilitar o ajuste dos sentires e dos sonhares.
—Meu coração, bem sabe, mora numa caixa de bombons, e sonha numa valsa do tempo.
—Prefiro conferir.

—Disse dois verbos complicados, Sapabela. Conferir pode às vezes significar ferir juntos, e proferir, pode ser pró-ferir... Como preferir, está cheio de sapos dizendo que preferem e por tanto preferirem ferem antes, pré-ferem... Mas, como bem sabe, cada caso casa com si.
—Interessante... Interessante. Fiquei com vontade de falar de mim...
—Fale, meu amor.
—Não quero tomar seu tempo.
—Você nunca toma meu tempo, Sapabela. O que deveria tomar sempre é licor de anis.
—Rospo, modere-se.
—Eu? Modelar-me? Nem pense!
—Eu não disse: modele-se, disse modere-se...
—Entendi, foi um desvio auditivo. Mas, fale algo de você.
—Coisas que já sabe, Rospo, Sou como o mundo...
—Já sei, o mundo é a eterna novidade. Jamais envelhece...
—No mundo nascem crianças, sapinhos, e flores... Por isso não envelhece jamais...Fico pensando nos que acreditam em deuses que não tiveram infância.
—Não precisa tocar nisso, Sapabela, mas é verdade: o mundo jamais envelhece.
—E não apenas por causa das crianças e das flores e do manto estelar todas as noites da rotação... Mas também, e principalmente, por causa do olhar de cada um. O olhar é a fonte renovadora do mundo, quando se mira na eterna novidade de cada alba, ele participa de uma simbiose, uma energia inclassificável...uma harmonia indissolúvel...
—Aplausos, mas, fale algo de você...
—Ora, Rospo, adoro a velocidade mas prezo a lentidão das coisas que realmente dizem, as que calam fundo, que são as que lançam gritos de alegria pelo ar. Calar fundo às vezes resulta numa expressiva explosão de verbos vertiginosos. Minhas roupas não combinam, adoro sapinhos, e acredite, não é no espeto, como dizem alguns que não mais suportam crianças, adoro sim, e sempre digo, que se pudesse rolaria com eles na grama. Um punhado de gramas de atenção representa toneladas de afetos. Amo a Mitologia, a Filosofia, a Poesia e a Literatura, que é o quarteto de letras pensadas que tenta através de séculos e séculos sem amém nos dizer aquilo que a pintura e outras artes nos dizem com suas vozes de cores e sons.
—Você é feliz, Sapabela?!
—Sim, muito feliz! Concordo plenamente com a praticidade da calça Jeans, mas jamais esqueço meus vestidos. Sou muito feliz, e acredite, mais ainda por ter um grande amigo.
—Quer ser minha amiga na Rede? Não divulgo piadinhas, não desperdiço conversa...
—Rospo, por enquanto quero ainda apenas ser amiga na vida real... Mas gosto da Rede, demais, e também da rede...
—Sapabela, veja que sexta linda!
—É terça, Rospo!
—É mesmo! Obrigado por falar um pouco sobre você. Que tal agora um...
—Aceito!
—Nem falei! Mas já que aceitou: Yupiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii!
—Rospo, obrigado você, pela amizade. Sou rica.
—Percebi isso quando a conheci.
—Sei, lá no escarcéu da floricultura. Mas fale sobre isso.
—Sua presença sempre enriquece os amigos, por isso percebi que é rica, possui a verdadeira riqueza.




HISTÓRIAS DO ROSPO 2012— 846
Marciano Vasques

3 comentários:

  1. Um texto interessante, muito interessante mesmo...
    Hoje passo para te desejar um Feliz Natal e um 2013...sonhando ao som da valsa!
    Beijo
    Graça

    ResponderExcluir
  2. Vim dar continuidade a minha leitura das Histórias do Rospo.Perco-me no tempo quando começo a ler.Obrigada pela bela oportunidade.Abraço!

    ResponderExcluir
  3. Olá, Marciano
    Passo, com calma, bem antes da data, para desejar-lhe, com carinho fraterno, que vc tenha Boas Festas neste fim de ano!!!
    "A felicidade é com a gota de orvalho numa pétala de flor, brilha tranquila, depois que leve oscila e cai como a lágrima de amor".
    Que vc seja muito abençoado e feliz!!!
    Abraços fraternos de Boas Festas

    ResponderExcluir

Pesquisar neste blog