terça-feira, 15 de janeiro de 2013

MANEQUIM



MANEQUIM

Manequim, olhe pra mim!

Você não sente raiva nem dor,
Alegria, temor...
Não fica triste nem chora assim.

Não faz pergunta nem incomoda.

Não leva bronca nem cara feia.
E ainda veste roupa da moda
—Bonito blazer, bonita meia.

Não sente fome nem faz pirraça.

Nem tem nome e nem insiste.
Pensando bem, você não tem graça.
Acho até que nem existe!

Não faz sequer xixi na cama.

Não tem irmão para brigar.
Não sofre e nem reclama.
Não salta, não cai. Nem sabe escorregar!

Parece até zombar de mim!

Chamando mais a atenção
Do que um menino triste assim,
Parado no calçadão.

Esta vitrine toda sua,

Recebe chuva de olhares.
Dos que vão na rua,
De volta aos seus lares...

Nunca tem nada a dizer.

Não pisca nem lágrimas tem.
Você não é pra valer.
É um boneco. Não é ninguém.

Desconhece o que é dar valor.

Seus olhos não ardem na poluição.
Mas eu só peço um favor:
—Não me abandone na solidão!


Marciano Vasques


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