quinta-feira, 25 de abril de 2013

CONVERSA NA QUINTA

—Viva!
—Que entusiasmo é esse, Sapabela?
—Hoje é quinta!
—Verdade, e está frio, isso pede aconchego, pede...
—Pede tudo de bom, Rospo! E repare nas minhas roupas, elas não combinam, como sempre. E sou mesma atrapalhada. Sempre fui. Uau! Adoro ser-me.Assim, meio estabanada, um muitíssimo espalhafatosa, mas só de espalhar os fatos realmente essenciais... Sou assim, atrapalhada, mas não tem jeito.
—"Mas não faz mal, eu gosto é mesmo assim".
—Rospo, olha! Isso é verso do Erasmo e daquele cara!
—Eu sei, minha querida, é para tornar a quinta mais aconchegante. Você sabe, quem fica apenas sentado à beira do caminho pode até perder o bonde da história.
—Perder o bonde da história é desentender o "Trem das Onze"... Direi ao mundo que estou feliz hoje. Digo isso a você aqui, e quero dizer numa conversa de blog, e também aos meus "caros amigos".
—Sapabela, isso é nome de um disco do Chico nos belos dias clandestinos; hoje, veja só, nossa conversa está muito musical. Às vezes isso acontece. Saudades de ouvir Walter Franco...
Sapabela, vamos comemorar a quinta com um licor de anis.
—Aceito!
—Nossa, que rapidez!
—Sapa, né! E tem mais.
—Com você sempre tem.
—Para mim não são necessárias frases mirabolantes, palavras elaboradas, discurso requintado...
—Entendi isso não.
—Aceito as frases mais simples. E você sabe, o que é simples mas nasceu no coração bate de longe declarações formuladas.
—A que está se referindo?
—Para me conquistar basta ser simples.
—Gosto de você.
—Isso!
—Sapabela, ganhei a minha quinta.
—Então vamos ao licor que o dia quem faz é quem vive.
—Que audácia linda é viver!

ROSPO 2013 — 867
Marciano Vasques


Nenhum comentário:

Postar um comentário

Pesquisar neste blog