quarta-feira, 8 de maio de 2013

O SAPO E O TELESCÓPIO

—Rospo, você sabia?...
—Adoro isso!
—Que um mero eleitor pode ser um esmero de consciência?
—Claro, amiga!

—Rospo: Galileu, Giordano Bruno... Como esses sapos foram importantes! Seria tão bom se ensinassem aos  meninos que somos resultados do olhar e da coragem de muitos sapos do passado...
—Pois é, e seria bom, querida, se todos os que realmente necessitam pudessem ter um telescópio...
—O que tem o telescópio a ver agora?
—Um telescópio é um dos mais importantes instrumentos da vida.
—Ás vezes, o que se ganha é o que se perde.
—Sapabela, reserve isso que você falou para uma de nossas conversas. Mas, queria saber sobre o telescópio...
—Sim, sim... e adorei a palavra "reserva"... Gosto de coisas que são reservadas... Aquilo que é reservado é preservado...
—Está inspirada, não é?
—É o frio, Rospo. Sonho com a bebida de gengibre...
—Muito bem, vamos ao telescópio?
O sapo que inventou o telescópio nem sabe o bem que fez para a humanidade anfíbia!...
—Olhar para as estrelas, é isso?
—Mais do que isso! Olhar para dentro de si, por exemplo. Somos repletos de galáxias que são como cavernas brilhantes, prateadas, douradas...e misteriosas...
—Nossa, Rospo!
—Somos, temos em nós, uma profusão de abismos oceânicos!
—Menino!
—Quem usar um telescópio e mirá-lo para a sua própria alma...
—Gosto dessa palavra. Foi Platão?
—Você parece que vive de plantão, Sapabela!
—Achei fraco esse jogo de palavras.
—Vou me aquecer, prometo!
—Rospo! Já pensou? Anis com gengibre?
—Já estou me aquecendo.
—Fale, amigo! Fale um pouquinho mais do telescópio! Enquanto você está se aquecendo, muitos estão se esquecendo...
—Certos governos precisariam com urgência de um telescópio...
—Para...?
—Para ver o que o povo está vendo faz tempo.
—Vendo e sentindo.
—Pois é assim. Mas tem algo que posso ver sem precisar de telescópio.
—Diga, diga, diga logo, por favor!
—Seus olhos... A forma como eles se posicionam diante das coisas...
—Obrigado pelo elogio, Rospo! Elogio de sapo faz bem.
—Sapabela, eu queria...
—Diga!
—Preciso de um telescópio para conseguir aproximar as palavras.
—Precisa não, meu amigo. A sapa sabe dar um empurrãozinho... Ela é especialista em fingir que não é ela mesma quem está dando os toques primordiais...
—Sapabela. Será que na padaria Rubi tem a bebida de gengibre?
—Tem não, meu querido, Mas tem uma quermesse repleta de luzes no meu coração.
—Yupiiii!



ROSPO 2013 — 872
Marciano Vasques

Um comentário:

  1. Quermesse repleta de luzes no coração?Uau!Yuuuppiiiii!Coisas de sapo feliz!

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