ROSPO IMPRESSIONADO

—Boa noite, deputado!
—Eu o conheço?
—Certamente não. Sou um eleitor.

—Qual o problema, sapo?
—Ele está preso, senhor.
—Ele quem?
—O rabo!
—E o que você tem a ver com isso? O rabo é meu!
—Eu sei, mas o voto é meu.
—Ora, Sapo... Vá cuidar de sua vida!
—Mas é dela que estou cuidando!
—Está maluco?
—Nunca estive tão lúcido. Veja só: a lógica assusta mas é simples. Um político de rabo preso, como se diz na gíria popular, afeta a consciência de cada eleitor e altera a harmonia que seria própria da Política, além de manchar o nome dos bons colegas: os que honram os votos e a confiança recebidos. Como o senhor sabe, a Política sempre foi interessante. Teve uma época até em que a ética a orientava.
—Diga logo o que o senhor quer!
—Calma! Vou dizer na urna!
—Não amole! Estou atrasado. Preciso ir.
—Fico impressionado.
—O que o impressiona, Sapo?
—Como é possível que um sapo com o rabo tão preso possa se movimentar com tanta desenvoltura!
—Você incomoda, Sapo! Como é chato!
—A propósito, tenho nome. Meu nome é Rospo!
—E daí? Por acaso vou votar em você?


ROSPO 2013 — 871
Marciano Vasques