quinta-feira, 20 de junho de 2013

CANÇÃO DA NAMORADA!

http://youtu.be/bKoiwU15s7M

quarta-feira, 19 de junho de 2013

O VANDALISMO SOFISTICADO

—Rospo!
—Sapabela! Yupiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii!
—Que empolgação, Rospo!
—É pelo licor de anis, pelo bolo de cenoura.
—Rospo? Que história é essa? Está me associando com gostosuras? É essa a minha valoração?
—Estou brincando, Sapabela! Sabe que encontrá-la numa noite de sexta, é tudo de bom.
—Hoje é quarta, Rospo!
—É mesmo!  Mas sabe o quanto me faz bem a sua presença!
—Obrigado! Viu alguém deitado em berço esplêndido?
—Não, mas vi uma multidão rasgando ao meio a cidade com uma passeata.
—Que coisa boa, amigo! E tem algo a dizer sobre o vandalismo? Muitos falam mais disso.
—Tem um vandalismo sobre o qual ninguém fala, Sapabela!
—É?
—Sim, o vandalismo oficial, dos governos que promovem uma depredação na alma do povo.
—Agora ninguém segura o Rospo!
—Engraçadinha! Ocorre que eu gostaria de falar um pouco sobre esse outro vandalismo, o sofisticado, bem camuflado, com eventos esportivos, novelas, propaganda, populismo, assim, imperceptível, invisível até, cujo olhar anestesiado pela Rede de TV...
—Menino!
—Então, pela tela que anestesia, não se percebe, mas é danoso, causa estragos irreversíveis. Sequelas na consciência, sofrimento na vida...
—Diga!
—Veja alguns exemplos: um jovem que chega na sétima série e mal sabe ler, ou seja, interpretar um texto.
—Danou-se.
—Agora vou em frente.
—Pois que seja.
—Isso é um vandalismo dos governos do Brejo.
—O nosso Brejil. Mas, continue.
—Só obedeço!
—Querido. Está bem entusiasmado hoje. Dê outro exemplo de abandono, de vandalismo,  como esse da Educação na escola pública, descaso de muitos governantes.
—Povo educado é problema nas hastes do poder.
—Rospo! Outro exemplo, por favor.
—Conduções superlotadas, veja a qualidade do transporte público, não dá mais conta da população; arenas, isto é, estádios construídos com dinheiro público e o povo depois ainda paga ingresso para entrar; uma programação bestial sem critérios e altamente desrespeitosa, causando danos no intelecto coletivo, que deveria se insurgir na multidão com o grito de guerra "Indenização mental, pelos estragos causados ao intelecto".
—Rospo, está delirando! Jamais teremos uma passeata por melhor programação na TV.
—Querida, vou dizer algo: Jamais duvide do Brejil. Nosso brejo tem uma cadência, uma alegria, uma festividade que só ele tem... Tudo aqui pode acontecer.
—Mais algum vandalismo oficial?
—A corrupção, as máquinas administrativas e governamentais trabalhando por candidatos oficiais, o desvio de verba pública, o descaso para com a população, a hipocrisia palaciana, o deboche...
—Entendi, amigo. Nunca havia pensado nisso, Rospo: um vandalismo oficial, dos governantes.
—Sim, e veja que essas manifestações populares, que trouxeram um lúdico colorido na cidade, que maravilha!  Sacolejou o marasmo, o morno da política, que fica nesse discurso de só pensar em 2014, o tal ano CC...
—Que é isso, Rospo?
—Copa e Candidatura!
—Bonito, gostei! Rospo, obrigado por me fazer pensar em algo sobre o qual não havia me dado conta...
—Enquanto você não se dá conta paga a conta sozinha... E não pensou antes, pelo fato de que sempre tem a primeira conversa.
—Rospo! Padaria Rubi?
—Yupiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii!
—Que escarcéu é esse, amigo?
—O Sapo sempre fica assim quando a sapa quer aconchego.
—Sei não, Rospo, está muito eufórico. Mas, adorei as tirinhas do ROSPO... Ver Rospo e Sapabela em quadrinhos, bom demais.
—Metalinguagem? Viva! Adoro!
—Eu também! E aproveito pra dizer que aprecio muito quando você interpreta comportamentos... Fantástico! Aquela tira em que aparece fazendo pirueta equilibrando sobre a língua é excelente. Reproduz ludicamente o comportamento de muitos machos que fazem exibições, extravagantes até, para atrair a atenção da fêmea. Pois eu digo algo, eu!, que nasci com o dom de ser companheira...
—Diga, com estilo, como sempre, aliás. De estalo em estalo a sapa finca o seu estilo.
—Pois bem, eu ia dizer que para me conquistar o sapo não precisa se exibir. Nada dessa baboseira que muitos fazem de se exibir com moto, ou modelando o físico ou outros "atrativos"...Não precisa de nada mirabolante, aliás, para me conquistar o básico é ser simples. A simplicidade tem para mim um elevado feixe de atração, sou pinçada no simples, e tem mais, o principal, tem que ter alma, e quer mais?, tem que ter paixão, Isolda!
—Ninguém segura é a sapa!
—Rospo, chegamos! Padaria Rubi, segura um beijo!
—Lançando ao ar um beijo pra padaria, Sapabela?
—Essa é a minha lógica, Rospo!
—Já sei, uma lógica mágica.



ROSPO 2013 —878
Marciano Vasques

terça-feira, 11 de junho de 2013

A PRIMEIRA VEZ DESNECESSÁRIA

—Rospo!
—Sapabela! Saudades! Estava necessitando mesmo de uma fábula!
—Lindo!
—O que tem para conversar?
—Pra conservar?
—Isso! Que conversa conserva!
—E se conversa com verso, melhor ainda!
—Então, vamos!
—Queria falar sobre a primeira vez.
—Esse assunto me interessa muito!
—Mas pode tirar o corcel do temporal. O que quero falar é sobre a primeira vez na rotina das coisas que são... E você sabe, precisa de uma boa retina para esmiuçar a rotina.
—Uma palavra aconchegante sempre retine em nossas conversas.
—E não se esqueça: aconchegante é sinônimo de precioso.
—Menina!
—Pois quero então falar sobre a primeira vez no cotidiano.
—Comece, por favor.
—Um sapo jamais deveria xingar uma sapa pela primeira vez num relacionamento amoroso ou rotineiro.
—E nem a sapa gritar.
—Com efeito. Eis ai dois exemplos de acontecimentos que jamais deveriam ter a sua primeira vez. Um  simples descaso... Não suporto descaso! Se caso e tem descaso descaso.
—Prossiga minha colorida amiga.
—Aprecia minhas roupas, Rospo?
—Sim, demais. Porém, prossiga.
—Descaso, gritos, xingares, desatenção, enfim, os venenosos estilhaços do abandono na rotina dos dias...
—Todavia, e se aconteceu, Sapabela?
—O sapo ou a sapa não devem ficar se remoendo. Lástima é última opção. Veja só: Se aconteceu é preciso que o sapo ou ela passem a zelar...
—Azular?
—A zelar, meu caro!, a cuidar do prosseguimento da vida, pois bem sabe, é uma trepadeira que segue estrada afora, sem pedir licença vai adentrando a névoa do tempo,  esmiuçando - se nas nódoas de uma existência. Mas antes passa pelo turbilhão de rios cujas águas refletem o chamamento do mergulho essencial, que é o da alma...
—Inspirada hoje, querida.
—Claro, nossas conversas foram para os quadrinhos!
—Adoro metalinguagem!
—Eu também. Mas, como bem dizia, caso pela primeira vez tenha ocorrido o desgaso, a agressão, o abandono, o xingamento, o sapo ou a sapa devem cuidar para que não se acostumem, não façam de tal coisa um acontecimento que de tão áspero nem esporádico merece ser. As  esporas são parentes das algemas... Que não são coisas triviais.
—Continue, está bom demais.
—Você é esfomeado de diálogos, não é, amigo?
—Sim, insaciável fome, como devem ser sempre as fomes essenciais.
—Pois bem, a primeira vez pode ser um marco, uma dura e implacável erosão nos relacionamentos, nas amizades, nos amores, ou simplesmente nas convivências... Porém, o importante é que cada qual possa assimilar o que de fato interessa. Só o presente vivemos. E é no presente que cada um deve tocar a sua vida. Gritou? Xingou? Berrou? Tudo isso deve ser reduzido à fuligem da alma que deve ser removida. O resto é tocar em frente, e compensar agindo em retidão para com o outro.
—É bonito isso. Nenhuma sapa merece a falta de respeito!
—E nenhum sapo!
—Então, me disse que o perdão é essencial?
—Perdão é sempre uma perda imensa, no sentido de que a sua necessidade é a tristeza de uma vida, mas todos somos providos para enfrentá-lo, e se abrir para ele é a gloriosa façanha da alma.
—Gostei, gostei. Eu pensava que o sapo devesse viver se amargurando pela vida.
—Primeiro de tudo, sapo não é nem boldo nem losna. Então, amargura demais enjoa, como já bem disse alguém. Agora, vamos em frente, e o rigor na reflexão deve servir apenas como bússola no aperfeiçoamento do sapo, que não deve jamais se esquecer de que sapos de ferro só no cinema, e no gibi.
—Sapabela, viva o presente!
—Que presente, Rospo?
—O hoje, o instante que vemos.

ROSPO 2013 — 877
Marciano Vasques

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