sábado, 31 de agosto de 2013

LIVROS DE MINHA VIDA!


ALUMIOU

Alumiou o sofredor.
Esse preto aqui
Que nasceu do amor
Que chorou
Até você fingir que ficava...

Tomei 
Na beira da estrada
Cuidando 
Essa longe
Flor que me aceite...

Rios de lágrimas não findam
Essa secura da alma
Se você já se foi...

Se morrer eu sob o luar
Você distante
Vai recolher mudez 
Mas vai tremer...

Nem sei foi que aprendi amar assim.
Cismava nos meus séculos de sofrimento
E  toda você enfeitada num sorriso chegou...

Não ficou...

Bem melhor se existisse apenas
A força de ter seu corpo

Pra que um homem assim tanto sofrer?

MARCIANO VASQUES

segunda-feira, 19 de agosto de 2013

ESOTÉRICA FRAGILIDADE DA FORTALEZA

—Sapos e sapas são diferentes!
—Quem não sabe, Rospo!?
—Mas tem quem pense que sejam iguais. São bem diferentes. Entretanto, a igualdade está nos quereres, no desejo, no pensamento que pode convergir para a mesma visão de justiça e de necessidade da igualdade social. A diferença não interfere na igualdade.
—Rospo, sei o que está dizendo: socialmente a igualdade é um rogo de séculos e séculos amém, porém, tudo que é almejado só se consegue com luta, sempre foi assim. E as sapas conseguiram seus espaços na sociedade patriarcal com muito sofrimento e muita gana. Mas fale das diferenças que são "óbvias!"...
—O estímulo visual é predominante no sapo, não é?
—Eu não sou sapo, Rospo!
—Mas é uma sapa antenada.
—Estímulo visual? Ainda bem!
—Olhar para sapa não é apenas um hábito, digamos, cultural, é natureza.
—Claro, entendo. Só podia ser dessa forma, a sapa é bonita, linda, sempre. E não se esqueça de que a sapa também sabe olhar para o belo. Mas você está com algum motivo pra falar isso?
—Não exatamente. Só sei que desde que a bonitinha apareceu no planeta o sapo puxou os olhos. Pior foi a cantada do machismo. Aquela história do sexo frágil. Uma balela, não é? Faz parte do tal "acervo cultural"...
—Traduza-se como "acervo patriarcal"...
—Coisa mais antiga: confundir gostosura com fragilidade....
—Rospo! Como disse uma sapa: "Ocê é bobo ou quer um conto?"
—Conheço!
—Rospo, estou com saudades das tiras... O lápis de cor faz bem pra minha alma de jardineira.
—Metalinguagem.
—Rospo, por que esse assunto da sapa hoje?
—Não tem um motivo específico. Mas vamos combinar algo?
—Está combinado!
—Nem falei!
—Precisa, não é? Então diga.
—Algumas coisas são essenciais em nossa vida. Uma delas, o silêncio.
—Sim, o silêncio escolhido, o silêncio procurado. Esse silêncio é o necessitado.
Rospo, faz tanto tempo!...
—É mesmo, Sapabela?
—Seu bobão. Estou falando da Magnólia.
—É mesmo... E eu brincando com o ser brincante...
—A Magnólia e o licor de anis.
—Yupiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii!
—Aprendi por conta minha, nos arredores por onde andei, com minha alma de cigana, que há em mim uma fragilidade que é feita de fragmentos de fortalezas...E estou na Poesia, pois ela é de minha própria paixão, pela vida, que desde menininha aprendi a tecer.
—Meu anjo...
—Gostei, Rospo!
—Você será a eterna sedução da fragilidade esotérica da força lunar. Feliz o sapo que compreende que nessa fragilidade está a força mais sincera que move a vida, faz a vida ser um mundo.
—Rospo, chegamos, aqui é o meu portão.
—Portão, qual a sua rima?
—Precisamos nos despedir.
—Precisamos nos encontrar, sempre.
—Sim, mas que também nos encontre a Magnólia e o licor de anis.
—Yupiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii!


ROSPO 2103 — 890
Marciano Vasques

sexta-feira, 9 de agosto de 2013

O PAI, A CASA AZUL...

—Rospo! Boa noite! Hoje é sexta. Viva! Sexta-feira! Uau!
—É a noite de Freya!
—Quem é ela,Rospo?
—A deusa dos amantes,  do sexo, da atração, da beleza, da sensualidade...Na mitologia Nórdica.
—Viva a Sexta-feira! Merece uma noite na Magnólia.
—Yupiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii!
—Vamos, que a calçada nos levará...
—Sapabela, tem pai?
—Tenho não, quer dizer, tenho o meu pai na lembrança das coisas belas que ele me deixou, na simplicidade das coisas que me fazia com sua indelével presença. O pai nunca se vai. E até hoje lembro daquele sapão, à beira do lago, dizendo assim: Filha, tenho um tesouro na vida, que é o seu sorriso. Se ficar triste um dia, eu estarei aqui, sempre ao seu lado. Foi com ele que aprendi, Rospo, que o pai está sempre ao lado da filha, em quaisquer circunstâncias...
—Tem pai que fala coisas terríveis da filha... E tem outros que nem sabe a cor dos olhos da filha...
—Pai é algo gigantesco e inimitável. Um sapo moço que engravida uma sapa, e que diz: fiz um filho na mina... Acredite, Rospo, é um sapo macho, apenas. Ser um macho, como isso é frágil!, e como soa idiota às vezes, como nesse caso do Sapo que fez o filho...
—Prossiga.
—Mandou prosseguir, nisso obediente sou. Você sabe, antes de começar qualquer caminho já sou Pró -seguir...
—Pois então...Já que inspirada está...
—Deve ser a Freya.
—Pois fale, amiga. Para mim, numa noite de sexta, ouvir uma amiga, é tudo o mais que eu queria...
—Sei, mas você não quer apenas ouvir, meu querido...
—Está mesmo inspirada!
—Vai ver só depois do licor de anis.
—Linda!
—Pois o outro sapo, o que sorri para o filho que nasceu, e numa noite de febre do pequeno vai em busca de um analgésico, mesmo com chuva forte, esse sapo "É o cara!", isto é, ele é o pai.
—Bonito, bonito. Mas se domingo é o dia dos pais, nós temos algo para comemorar agora: a Casa Azul faz aniversário. Cinco anos de Blog.
—Rospo, vamos brindar! Vamos brindar!
—Sapabela, como é bom estar ao seu lado numa calçada a caminhar...
—Principalmente quando a calçada leva até a Magnólia.
—Yupiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii!
—Que bom para uma sapa ter um sapo amigo!
—Magnólia, bem-vinda!

ROSPO   2013 — 889
Marciano Vasques

domingo, 4 de agosto de 2013

CONVERSINHA BÁSICA DE DOMINGO À NOITE

—Rospo!
—Sapabela! Que saudades!
—Vários dias. Amigos não podem ficar tantos dias assim, ainda mais hoje com tanta tecnologia. Aliás, tecnologia deveria ser para isso prioritariamente: aproximar os sapos amigos, os que se amam...
—Falando nisso, já mandou hoje alguma mensagem para quem você ama?
—Rospo, que conversa é essa?
—Brincadeira, Sapabela. Não recebi nenhuma mensagem sua.
—Está muito engraçadinho hoje. Tomou licor de anis antes da hora?
—Eu?
—Faça-me rir.
—O que manda, Sapabela?
—Agosto chegou! Maravilhoso! O mês maior, o lindão. Festa na mata!
—Quê?
—Sereias, sacis, caiporas... Luzes nas florestas do brejo...
—Que Cascudo!
—A minha amiga continua apaixonadíssima pelo depois. Um caso de amor inigualável. Não tem outro igual.
—E ela é feliz?
—Não. Vai ser depois,
—Entendi.
—Sempre entende.
—Sei que amiga quando gosta exagera, mas não exagere, querida. Nem sempre entendo.
—Está com a sexta-feira toda na alma.
—É domingo!
—Sou mesmo distraída. Talvez por isso minhas roupas não combinam... E acho que sou a única sapa no planeta que adora ser atrapalhada.
—Exagerada!
—Rospo, sapos e sapas não se entendem...
—Ainda bem!
—Está louco, é?
—O planeta está com superpopulação, já beirando além do limite. Já pensou se os sapos e as sapas se entendessem?
—Já vi que hoje resolveu se divertir. Rospo, veja! Viemos caminhando na calçada e ela chegou, com suas luzes resplandecentes. Que linda!
—Magnólia!
—Agora tudo começa.
—Yupiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii!

ROSPO 2013  —  888

Marciano Vasques

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